São Paulo, quinta-feira, 4 de janeiro de 1996
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Quatro chacinas matam 11 no Rio e 3 em SP

DA SUCURSAL DO RIO; DA REPORTAGEM LOCAL

Polícia acredita que 8 das mortes têm ligação com o tráfico de drogas; garotos de 6 e 3 anos estão entre os mortos
Quatro chacinas ocorridas entre a noite de anteontem e ontem resultaram na morte de 14 pessoas -11 no Rio e 3 em São Paulo.
Entre os mortos no Rio estão dois irmãos -um de 6, e outro de 3 anos. Eles morreram baleados quando dois homens invadiram o barraco em que moravam, na zona norte, e atiraram no mecânico Vinícius de Souza, 22, amante de uma de suas irmãs.
Souza foi atingido e caiu sobre os meninos, que dormiam no chão. Os criminosos teriam voltado a atirar no mecânico, para se certificarem de que ele havia morrido, atingindo então as duas crianças.
Ainda na zona norte, em Bangu, um grupo de pelo menos dez homens matou a tiros de metralhadoras quatro amigos que conversavam em frente a um bar.
Segundo a polícia, testemunhas disseram que o grupo chegou ao bar na madrugada de ontem em dois carros. O local era iluminado por velas, pois faltava energia.
Para a polícia, uma vingança pode ter motivado a chacina. Outra hipótese é de que o grupo tenha se enganado devido à escuridão. Nenhum dos mortos tinha passagem pela polícia.
Além dos quatro mortos, uma quinta pessoa foi ferida e levada em estado grave para o hospital Sírio-Libanês, na Tijuca.
Na zona oeste, em Pedra de Guaratiba, quatro rapazes, com idades entre 16 e 24 anos, foram mortos à queima-roupa com tiros de fuzis e escopetas na cabeça.
A polícia acredita que a chacina foi praticada por traficantes da favela de Antares. Os mortos seriam membros de um grupo inimigo ou teriam dívidas com os traficantes.
O local, um matagal isolado e sem iluminação, costuma ser usado por grupos de extermínio para desova de cadáveres.
São Paulo
Em São Paulo, dois homens e uma jovem de 16 anos morreram com tiros na cabeça e no tórax, na primeira chacina do ano na cidade.
O crime aconteceu na noite de anteontem em uma casa de Vila Progresso (zona leste).
Para a polícia, o crime foi uma vingança ligada ao tráfico de drogas. Um dos assassinos teria ido à casa onde ocorreu a chacina outras vezes, à procura de seu inquilino, um homem conhecido por Dirceu.
A casa, segundo testemunhas, seria um ponto de venda de drogas da região. A polícia suspeita que Dirceu devia dinheiro a traficantes.
A jovem, que levou um tiro no olho, seria namorada de Dirceu.

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