São Paulo, sexta-feira, 5 de janeiro de 1996
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Diretor julga filme 'espiritual'

ELAINE GUERINI
DO TV FOLHA

O diretor italiano Carlo Carlei, 34, não classifica "Lembranças de Outra Vida" como um filme-família. Mesmo tendo escolhido um cachorro como protagonista, Carlei diz preferir o rótulo de "filme espiritual", na linha de "Ghost".
"Tentei fugir do padrão Disney de puro entretenimento. A história é contada sob o ponto de vista de um cachorro com valores humanos", disse o diretor em entrevista por telefone à Folha, de Santa Monica, na Califórnia (EUA).
Este é o segundo filme de Carlei, mas sua primeira produção americana. O roteiro é baseado no livro "Fluke", de James Herbert. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.
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Folha - O que mais o atraiu nesta história?
Carlo Carlei - Eu fiquei impressionado com a espiritualidade. Não só pelo fato de a história abordar a reencarnação, mas também por abordar valores como o respeito à vida, em todas as suas formas.
Outro fator que influenciou foi a minha paixão por cachorros. Desde criança, eu me pergunto se nós somos mesmo a única espécie inteligente deste mundo.
Sempre tive cachorros e eles sempre me pareceram inteligentes, de uma certa maneira. Eles têm um jeito de olhar, de agir, que sugere muitas coisas. É como se eles soubessem mais do que deixam transparecer.
Folha - "Lembranças de Outra Vida" é bem diferente de seu primeiro trabalho, "The Flight of the Innocent".
Carlei - As histórias são diferentes, mas o estilo é o mesmo. No primeiro, a história é contada sob o ponto de vista de um garoto e, no segundo, de um cachorro.
Folha - Mas o primeiro é extremamente violento e o segundo é o que se pode chamar de um filme para toda a família.
Carlei - Em "Lembranças...", eu não usei violência, é verdade. Mas, se você pensar na espiritualidade, as duas histórias são parecidas. Os dois personagens estão em busca de algo mais.
Quanto ao filme-família, eu não concordo totalmente. "Lembranças..." tem cachorros e crianças, mas sua mensagem é para os adultos. Eu acho que o rótulo atrapalhou o filme nos EUA.
Acho que ele poderia ter chamado mais a atenção do público adulto se não tivesse sido classificado como uma produção na linha Disney. Eu o vejo muito mais como um filme espiritual. É um conto de fadas mais profundo.
Folha - No Brasil, o filme foi apresentado como um novo "Ghost"...
Carlei - Acho que é muito mais correto. Além do fator espiritualidade, "Ghost" e "Lembranças..." têm várias coisas em comum. No primeiro, o protagonista é traído pelo melhor amigo e, no segundo, o protagonista pensa ter sido traído pelo amigo. Acho que a comparação faz sentido.
Folha - Foi difícil trabalhar com cachorros?
Carlei - Todo mundo fala que é difícil fazer filmes com cachorros e crianças, mas eu tive sorte. Eu acho que o Comet (o cachorro principal) sabia que nós estávamos filmando. Ele foi simplesmente perfeito. Usamos robôs somente em cenas perigosas.
Folha - Quais são seus próximos projetos?
Carlei - Estou trabalhando em um filme chamado "Pincushion". A história se passa no futuro e o personagem principal é um garoto que tem em seu corpo os anticorpos necessários para controlar uma doença que ameaça a raça humana.
Outro projeto é uma adaptação do livro "Manhattan Ghost Story", que eu estou escrevendo com Chris Columbus. Trata-se da história de um fotógrafo que vai para Nova York fazer uma exposição e acaba se envolvendo em situações estranhas.
Ele conhece uma mulher linda que, mais tarde, se revela um fantasma. Sharon Stone se mostrou interessada em fazer esse filme há dois anos, com outro diretor. Quem sabe ela topa fazer comigo.

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