São Paulo, sábado, 6 de janeiro de 1996
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Fracassa tentativa de diálogo sobre o PAS

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma tentativa de diálogo ontem entre entidades médicas e o secretário municipal da Saúde, Roberto Paulo Richter, terminou em acusações, desafios e o acirramento de posições em torno do PAS. O Plano de Assistência à Saúde da prefeitura vem sendo implantado há cinco dias no bairro de Pirituba, zona norte da cidade. Todas as entidades médicas são contrárias.
"Eles vieram fazer uma proposta indecente", disse o secretário, referindo-se aos seis representantes de entidades. "Queriam que eu parasse o PAS e que todos os removidos (funcionários e médicos) voltassem a seus postos. Se eu fizer isso, estarei descumprindo a lei aprovada na Câmara."
Richter ameaçou contratar médicos de outros Estados e disse já estar recebendo propostas.
Tito César Nery, presidente do sindicato dos médicos, disse que as entidades pediram uma "suspensão temporária do PAS" enquanto as duas partes dialogassem.
O presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Pedro Henrique Silveira, disse que Richter coloca "a lei acima da ética".
"A lei deles está em prática há apenas três dias e já matou 16 pessoas", disse Silveira, referindo-se ao PAS e às mortes ocorridas no hospital de Pirituba. "A nossa lei é a do Conselho Federal de Medicina, que tem quase 40 anos."
Richter afirmou que "o CRM vai responder criminalmente pela pressão que está fazendo sobre os outros médicos." Para os diretores, "são os médicos, e não as entidades, que recusam o PAS".
Segundo o secretário, 40% dos médicos de Pirituba -cerca de 70- teriam aderido à cooperativa. Segundo o sindicato -que cita o "Diário Oficial"- apenas 43 tinham se juntado à cooperativa, oito deles de Pirituba.
Richter afirmou ainda que as entidades "são todas ligadas ao PT e não querem que um programa de saúde dê certo num ano eleitoral".

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