São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996 |
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NA PONTA DA LINHA
MARCELO LEITE Na véspera do Natal, apresentei argumentos do leitor e jornalista Ibsen Spartacus contra uso dado às estatísticas no caderno Esporte, bem como respostas do editor Melchiades Filho. Dei razão a este. Spartacus encaminhou tréplica, da qual reproduzo a conclusão, parcialmente:"O que motivou o tal xeque-mate me parece que foi a afirmação do editor de que os dados estatísticos são tão importantes que recorri a eles para, em minha carta, citar que os dois jogadores haviam jogado o mesmo número de partidas, até então. "Li esses dados sim, na Folha. Mas, ora, não é necessário o Datafolha para contar o número de partidas de um jogador num campeonato. Não vejo nessa informação nada que um cuidadoso redator não possa fazer em qualquer jornal (é verdade que os outros jornais não têm feito isso, como faziam há algum tempo). "O Datafolha oferece um interessante diferencial quando levanta dados do jogo, mas a quantidade de jogos que determinado jogador disputou não está aí. Acho até que esse levantamento do Datafolha poderia ser ampliado e, claro, melhor interpretado. "Numa comparação entre artilheiros, gostaria de saber: quem faz mais gols de cabeça (...), quem faz mais gols de fora da área, quem tem maior índice de gols dentro da própria equipe, quem tem a melhor média de gols por partida, quem arma mais jogadas de gol para companheiros (...). "O certo é que futebol é bonito de se ver. E bom de se ler quando os textos envolvem o leitor com os ingredientes que cercam o futebol. Entre eles está a emoção de se assistir a um jogo bem jogado como foi aquele Fluminense e Santos, em que Giovanni brilhou. Dá prazer a leitura de um texto narrativo, sedutor e informativo que também descreva os detalhes que os enquadramentos panorâmicos da televisão não podem oferecer. Infelizmente, esse prazer eu não tenho tido na Folha." Não vou entrar no mérito das queixas de Spartacus, até porque não acompanho suficientemente o futebol para emitir um juízo abalizado. Mas noto que suas últimas observações coincidem com defeitos que venho apontando no texto jornalístico em geral, como falta de interpretação articulada e de vigor narrativo. Os números, coitados, não podem ser culpados por isso. Nem mesmo na Folha. Texto Anterior: Confusão universal Próximo Texto: Aprovação a FHC não fortalece tucanos Índice |
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