São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996 |
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Igreja divide os evangélicos
FERNANDO MOLICA
Já o presidente da regional fluminense da AEVB, pastor Ezequiel Teixeira, 40, do Projeto Vida Nova, diz que, "até que se prove o contrário", os responsáveis pela Iurd são "homens de Deus". Para Caio Fábio, a Iurd nem sequer pode ser considerada uma igreja evangélica. Para ele, a igreja de Edir Macedo é "o primeiro produto de um sincretismo surgido entre os evangélicos brasileiros. É uma versão cristã da macumba". Segundo ele, a Iurj preserva algumas características dos cultos evangélicos, mas os mistura com elementos católicos e afro-ameríndios. "A Teologia da Graça, a idéia de que você recebe a graça porque a mereceu, não é evangélica, mas católica", afirma. Para ele, dessa matriz é que surgiram práticas católicas como a confissão, a penitência, as promessas e, há alguns séculos, a venda de indulgências. A ênfase da Iurd nas contribuições dos fiéis derivaria dessa venda de indulgências. "O dízimo é dado não como devoção, mas como troca", diz. Caio Fábio diz que o sincretismo com cultos afro-ameríndios se revela no estímulo aos "símbolos e pedras de toque" -objetos com poderes extraordinários. Assim, há sacos de sal que devem ser postos atrás das portas, fitinhas para amarrar no braço, garrafas com água supostamente recolhida em locais bíblicos como o mar Morto ou o rio Jordão. Ao contrário de Caio Fábio, Teixeira atribui o crescimento da Iurd "à visão e ao trabalho" de Edir Macedo. Para ele, a Iurj é vítima "de uma certa injustiça". "Se há alguma coisa errada, cabe à Justiça fiscalizar", disse. Teixeira afirmou que as acusações de curandeirismo e de excessivo apreço ao dinheiro dos fiéis deveriam ser feitas principalmente à Igreja Católica. "Os católicos sempre venderam santinhos, velas e outros objetos". (FM) Texto Anterior: Fiéis querem 'parar de sofrer' Próximo Texto: Pesquisa aponta expansão Índice |
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