São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996 |
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Nova técnica é alternativa para homens inférteis
PATRICIA DECIA
É a utilização da espermátide -uma forma imatura do espermatozóide, encontrada nos testículos- para a fecundação do óvulo. A técnica foi debatida na 3ª Jornada Internacional de Reprodução Humana, realizada de 14 a 17 de dezembro a bordo do navio Eugênio Costa, com a participação de 1.200 pessoas (leia texto ao lado). Até agora, existem duas crianças nascidas com esse método na França, e, no Japão, mais duas mulheres estão grávidas. O uso da espermátide foi desenvolvido por um grupo de médicos na Bélgica e chegou ano passado a algumas clínicas paulistanas. Cerca de 10% dos homens inférteis não têm espermatozóides. Pouco mais da metade deles produz os espermatozóides nos testículos, mas eles não são liberados na ejaculação. Isso pode ser causado por infecções, sequelas de doenças ou mesmo por uma vasectomia não revertida. A outra parte, cerca de 40%, sofre de falência testicular. Para esses homens, a utilização da espermátide pode ser a única saída. "A célula espermátide já carrega todo o material genético", afirma o andrologista Édson Borges. Para conseguir a espermátide, os médicos fazem a punção intratesticular, ou seja, retiram um pequeno fragmento do testículo (veja quadro abaixo). O método já era usado há cerca de um ano, mas apenas para a obtenção de espermatozóides. O médico Roger Abdelmassih, por exemplo, diz já ter feito cerca de 80 punções em sua clínica, a maioria para coleta de espermatozóide. "Estamos trabalhando há dois meses com espermátide." O comerciante Antônio Lima, 54, (nome fictício) se submeteu à punção e sua mulher está grávida. Ele ficou infértil em 72, como sequela de uma doença sexual. Descobriu a pulsão há cerca de um ano, juntou dinheiro e veio do Rio para São Paulo para fazer o tratamento (leia texto ao lado). "A punção é simples. Demora cinco minutos e é feita com anestesia local", afirma Borges. Para ele, a simplicidade da técnica possibilitará sua disseminação. A fecundação do óvulo só é possível graças ao ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozóide), feita por meio de um aparelho chamado micromanipulador. Trata-se de um potente microscópio com duas agulhas finíssimas, uma para segurar o óvulo e outra para o espermatozóide. O óvulo é fecundado in vitro e, em seguida, transferido para o útero. O ICSI foi desenvolvido também na Bélgica, no início da década. A ténica é cara. Cada tentativa custa entre R$ 4 mil e R$ 7 mil. Texto Anterior: Cidades de SP fazem blitze contra doença Próximo Texto: Comerciante será pai após 23 anos de infertilidade Índice |
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