São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996
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Argentina moderniza a compensação de cheque

Processo atual tem 29 etapas, sendo 27 manuais

DENISE CHRISPIM MARIN
DE BUENOS AIRES

A Argentina deverá colocar em prática, até o final do mês, um projeto para modernizar o sistema de compensação de cheques.
O Banco Central argentino quer acabar com o atual sistema, que mantém 84 câmaras de compensação independentes distribuídas pelo país e apenas seis conectadas por meios eletrônicos.
Todas as 84 adotam métodos próprios para atender os bancos da região. A comunicação e transferência dos cheques e de dinheiro é feita por meio de aviões e carros-fortes.
O processo de modernização está sendo desenvolvido pela consultoria Andersen Consulting.
Deverá se orientar pelo modelo italiano, de transmissão eletrônica da imagem dos cheques com valores maiores de US$ 1.000.
Para cheques menores -80% dos que circulam no país-, não haverá controle da assinatura. Só o saldo do cliente será verificado.
A circulação de dinheiro e cheques entre as câmaras de compensação e os bancos também será eliminada. Os depósitos das instituições financeiras serão centralizados no Banco Central.
A iniciativa argentina responde à atual situação de ineficiência e de acúmulo de erros. Recente estudo da AMBA (Associação de Marketing de Bancário Argentino) mostra que as instituições do país cometem 10 vezes mais erros neste processo que as norte-americanas ou européias.
A pesquisa, realizada em cinco bancos, detectou que um cheque é submetido a 29 etapas de trabalho. Destas, 27 são manuais, uma é eletromecânica e a outra, eletrônica. Há possibilidade de erro em todas essas etapas.
Atualmente, um cheque depositado em um raio de 60 km de Buenos Aires demora 48 horas para ser compensado.
Nas seis cidades cujas câmaras de compensação estão conectadas com a capital a espera chega a 72 horas. Nas demais pode alcançar a 96 horas -se tudo estiver certo.
O total de cheques movimentado por mês na Argentina é de 25 milhões. São processados 750 cheques por funcionário a cada hora no país. Esse número salta para 1.300 nos Estados Unidos e para 6.000 na Europa.
Mercosul
A objetivo final do Banco Central é conseguir, em dez anos, a unificação do sistema de compensação de cheques com os demais parceiros do Mercosul, principalmente o Brasil.
"Poderemos, em tese, fazer o intercâmbio de cheques emitidos em dólar entre Brasil e Argentina em dois anos", afirmou à Folha Hector Biondo, subgerente-geral de operações do BC argentino.

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