São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996
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"Xuxa nunca me deu mole"

ADÁN GIL
FOTOS ANA OTTONI

Você está namorando a Xuxa?
Não. Fui chamado para fazer um quadro no programa dela, "Batalha dos Fãs", e fiquei amarradão. O programa é maneiro, adoro criança. Depois, fiz uma carta, que não é de amor, e mandei. A Xuxa quis ler no programa, eu concordei, mas pedi para não falar quem tinha escrito. Sei lá, nego podia ficar pegando no meu pé, sacaneando. Ela agradeceu dizendo apenas "obrigado, Márcio".
O que dizia a carta, exatamente?
É uma fábula sobre uma flor que nasce num bosque. O jardineiro, que é a Marlene, põe a flor em um jardim. Só que ela cresceu muito e não pode ficar lá, as pessoas a matariam. Então é colocada em uma redoma de vidro, mas fica sufocada. Por isso, põem a flor em uma estante. E lá está ela, até hoje, se alimentando do amor e do carinho das pessoas. É bonito, mas não é uma coisa de homem para mulher.
Soa como cantada.
É... Não digo que seja um amor platônico, mas eu gosto dela. Se fosse uma cantada, ela não iria ler no ar. A Marlene não deixaria. Passou um tempo, e me ligaram chamando para apresentar o "Xuxa Hits Especial". Eu estava de lobo mau, ela disse: "Lobo mau quer comer chapeuzinho vermelho, mas vovó não deixa". Era só brincadeira. E ponto.
Ponto?
Não tive caso. Nunca beijei. Ela nunca me deu mole. Se eu tivesse pelo menos ido à casa dela, saído para jantar, como o Van Damme... O que rolou foi uma afinidade, somos muito parecidos. Daí, teve um monte de coincidências: me viram na passeata "Reage, Rio" do lado dela, teve a notícia de que ela queria ter um filho, ficou uma torcida a favor. A Xuxa se chateou, achou que eu tinha plantado a nota.
Ela disse isso?
Ela me disse. Ficou triste. Eu liguei para me explicar, "vou provar para você que isso não é verdade". Quero desmentir a história, eu gosto dela. É extrovertida, não mede palavras. Só que é uma pessoa pública.
Agora você também é. Que tal?
Dá para lidar, porque a verdade está do meu lado. Quando fui para a Globo, não me viram como o babaquinha, o playboyzinho.
Não deu medo de virar estereótipo?
Não, meu medo era outro. No dia em que começaram as gravações de "Tropicaliente", tinha uma cena com a Carla Marins que era um chupão. Um beijo rolando na água. Todos os atores ali, com anos de janela, e chegava eu, quem é esse cara? Deu medo. Mas ninguém me acusou de ser só uma cara bonita.
Você não parece ter problemas com seu status de símbolo sexual.
Eu lido bem com isso. É claro que você acaba deixando de fazer algumas coisas. Se não tiver a fim de encontrar fãs, fique em casa.
As mulheres assediam?
São meninas, principalmente. Quando estão em grupo, são muito fogosas. Mas, quando sozinhas, ficam com medo, só olhando.
As meninas nunca são ousadas?
Tem umas que dão uma puxada, um beliscão. Pera aí, olha a mão...
Você vai apresentar um programa de jogos com Letícia Spiller?
O programa não está fechado ainda. Seria nos domingos à tarde. Cinco equipes de 60 alunos, disputando prêmios em dinheiro. Imagine só a bagunça. Meu próximo projeto é o filme novo do Bruno Barreto, "O Que é Isso, Companheiro?", adaptação do livro de Fernando Gabeira.
Há diferenças entre TV e cinema?
No cinema, as marcações são muito rígidas, cara bota a fita métrica no teu nariz. O texto tem que estar na ponta da língua, porque o rolo de filme custa US$ 250. Uma cena é um acontecimento. E cinema é eterno. Quem se lembra daquela cena no capítulo 132 de "Tropicaliente"?
No filme "O Guarani", de Norma Bengell, você passa todo o tempo praticamente nu. Como foi?
Pensei: "puta, vou ficar com a bunda de fora". Mas eu usava um tapa-sexo. Era esquisito, nunca fui à praia de fio dental. Mas, na hora de filmar, tinha mais pelado do que vestido, então era festa. É como a Alessandra Negrini diz: se a cena pede a nudez, atriz que é boa faz.

"Xuxa, você é uma flor que nasceu num bosque. A Marlene é o jardineiro que colocou essa flor em um jardim. Só que você cresceu muito e não pôde ficar lá. Então, foi colocada numa redoma de vidro, mas ficou sufocada. Agora, a flor está numa estante, se alimentando do amor e do carinho das pessoas"
Trecho da carta que Márcio Garcia mandou para Xuxa

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