São Paulo, segunda-feira, 8 de janeiro de 1996
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Tempos de abertura

CIDA SANTOS

O Report/Suzano, do técnico linha dura Ricardo Navajas, vive tempos de abertura. O time já não treina mais três vezes por dia, e os longos períodos de concentração parecem mesmo fazer parte do passado. Em fevereiro, a turma do vôlei de Suzano, que nas temporadas anteriores chegou a passar até 45 dias concentrada em hotel, vai poder ficar em casa e quem sabe até pular Carnaval.
Definitivamente, há algo de novo na terra do vôlei paulista. As mudanças começaram a ser traçadas depois da derrota do Suzano para a Frangosul na final da última Superliga. Dos 12 jogadores vice-campeões brasileiros, apenas três permaneceram no time (Giba, Cristal e o levantador Marcelo). Por aquela época, Navajas começou a rever conceitos e a mudar as peças do jogo.
Do grupo da temporada passada, que teve cinco jogadores convocados para a seleção (Kid, Leandro, Janelson, Josenias e Max), Navajas chegou à conclusão de que houve acomodação. Daí, a opção pelas mudanças. Os destaques entre as caras novas do time são os atacantes Gílson e Alex Lenz, os dois da seleção, e a dupla russa Pavel Shishkine e Rouslan Olikhver.
Na cabeça do técnico também rolaram mudanças. Navajas chegou à conclusão de que os longos períodos de concentração acabam desgastando mais o elenco. Apoiado também na certeza de que conta com um grupo mais unido, resolveu inovar. Nesta temporada, a equipe só ficou concentrada um dia, na véspera da final do Campeonato Paulista. "O time jogou mais solto e mais tranquilo", diz.
O controle da alimentação, um dos motivos que a comissão técnica argumentava para os longos períodos de concentração, ganhou nova solução. Os jogadores são orientados para seguirem uma alimentação balanceada em casa.
As mudanças estão fazendo bem ao time. Nesta temporada, o Suzano venceu os cinco títulos disputados: Jogos Regionais, Jogos Abertos, Torneio da Espanha, Campeonato Paulista e o Torneio de Natal, da Bélgica. Na Superliga, a equipe luta pelo seu terceiro título.
Na quadra, durante os jogos, Navajas continua o mesmo. Nervoso, agitado, o técnico que mais títulos ganhou no vôlei masculino brasileiro nos últimos quatro anos berra com os jogadores, xinga, é adrenalina total. Fora da quadra, ainda mantém princípios rígidos: atleta de seu time tem que ter barba e cabelo bem-cortados e não joga de brinco.

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