São Paulo, segunda-feira, 8 de janeiro de 1996
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Violões substituem guitarras

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

"Sempre detestei ser chamado de roqueiro. A palavra é feia", afirma Lobão, jurando que a repulsa não surgiu no Rock in Rio 2, em 91, quando ele virou alvo das latas atiradas por metaleiros.
"Desde que eu me entendo por gente eu faço MPB", afirma.
Coincidentemente, nos últimos meses o mercado abrigou uma penca de roqueiros que trocou a guitarra pelo banquinho e violão.
Em certos casos já havia flerte com a MPB. E em todos os trabalhos o pop é uma peça básica.
O baixista Nando Reis e o cantor Paulo Miklos (ambos dos Titãs), Léo Jaime, Humberto Effe (ex-Picassos Falsos) e Paulinho Moska (ex-Inimigos do Rei) foram alguns dos que fizeram discos em que a MPB está presente.
Ed Motta voltou de uma temporada em Nova York anunciando seu encantamento com a bossa nova. E Lobão veio com seu "Nostalgia da Modernidade", que tem até roda de samba.
Para o baixista dos Titãs, Nando Reis, é incontestável que muitos roqueiros de sua geração estão se direcionando para a MPB.
O crítico Zuza Homem de Mello, 62, acha que essa guinada "é um sinal de maturidade. E os que já faziam isso provam que eram mais maduros do que os outros."
Nando Reis rebate: "Não concordo com essa idéia de maturidade. É uma forma inversa de falar que rock é uma coisa de moleque. Acho preconceituosa."
Lobão admite que a maturidade influiu na alteração de rumo de alguns. "Cada um deve ter tomado uma porrada a sua maneira. Viram que Papai Noel não existia."
Para ele, é preciso trabalhar os ritmos estrangeiros de modo antropofágico. O rock tem que ganhar elementos nativos.
Arnaldo Antunes concorda com essa visão. "O Brasil não é um país com cultura de raízes. A mistura de informações é mais nossa do que as raízes."
(LAR)

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