São Paulo, terça-feira, 9 de janeiro de 1996 |
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Fumo reanima os agricultores do Sul
JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
A colheita, que começou em dezembro e termina este mês, deve alcançar perto de 400 mil t, 17% a mais do que na safra passada. O valor da safra pode atingir R$ 800 milhões, cifra 48% mais alta que os R$ 538 milhões faturados pelos produtores no ano passado. "O pior já passou. Até 97 ou 98, pelo menos, o mercado deverá ser favorável para o produtor", diz Hainsi Gralow, 56, presidente da Afubra (Associação dos Fumicultores do Brasil). Negociado em dezembro passado entre a Afubra e o Sindifumo (Sindicato da Indústria do Fumo), o preço médio do fumo subiu para R$ 2/kg, cotação 26,6% mais alta que a praticada na safra passada. Empolgada com o mercado favorável, a Souza Cruz decidiu inaugurar sua sexta usina de beneficiamento de fumo no Brasil, em janeiro de 97. Segundo Nelson Bennemann, 58, diretor de fumo da empresa, a Souza Cruz investirá US$ 54 milhões na implantação da nova unidade, em Santa Cruz do Sul. Em 93 e 94, uma superoferta de fumo inundou o mercado internacional, deprimindo as cotações. "Não ocorreu o tão esperado boom no mercado do Leste Europeu", avalia Helio Fenterseifer, presidente do Sindifumo. Indústria e produtores planejaram uma redução na área, e oferta e demanda voltaram a se equilibrar, puxando os preços para cima. Apesar da reação, agricultores da região de Santa Cruz do Sul (RS), considerada a capital mundial do fumo, dizem que está difícil ampliar investimentos. "O preço do fumo subiu, mas depois do Plano Real nossa situação financeira piorou", afirma Oladi Lucio Schroeder, 39. Descendente de alemães, como a maioria dos produtores da região, Schroeder também foi prejudica pela seca ocorrida entre novembro e a véspera do Natal. A volta das chuvas amenizou um pouco o problema, mas ele estima que a produtividade média fique 600 kg abaixo dos 2.800 kg/ha colhidos normalmente. Segundo Elui Elemar Krugel, 42, gerente de operações agrícolas da Souza Cruz, as fortes chuvas prejudicaram a qualidade do fumo da região de Santa Cruz. A indústria de cigarros, porém, diz Krugel, pode manter a qualidade de seu produto fazendo blends. Próximo Texto: Souza Cruz exporta 35% mais Índice |
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