São Paulo, terça-feira, 9 de janeiro de 1996
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Sem-terra rebatem FHC e tramam marcha

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) rebateu ontem os números de famílias assentadas em 1995 pelo governo Fernando Henrique Cardoso. Para o MST, o governo federal "mascarou" dados, incluindo nos números a regularização de títulos.
O MST anunciou também que a "Marcha a São Paulo", antecipada pela Folha, poderá ocorrer em outros Estados. Seriam várias marchas às capitais, em março. O encontro nacional do MST, em Salvador (BA), vai debater a idéia.
No final do ano passado, FHC anunciou o assentamento de 42 mil famílias -afirmando ter cumprido a promessa de dar lotes a 40 mil famílias em 1995.
A direção nacional dos sem-terra, que fez um levantamento próprio, Estado por Estado, diz que FHC só atendeu 12.263 famílias.
Segundo João Pedro Stedile, líder do MST, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) já reconheceu que assentou só 32 mil famílias em 1995.
"Há casos de famílias que já estavam na terra há 15 anos, na Paraíba, ou oito anos, no Maranhão. O que houve foi a regularização da situação e não novos assentamentos", afirmou Gilmar Mauro, outro dirigente nacional do MST.
O presidente interino do Incra, Raul do Valle, disse à Folha que foram assentadas 32.710 famílias em 289 projetos criados em 1995, "que têm capacidade para abrigar mais dez mil famílias em 1996".
Segundo Valle, outras 10.202 foram assentadas em áreas ociosas de projetos criados até 1994. "Portanto, assentamos 42 mil e podemos assentar mais dez mil."
O MST, porém, afirma que "é fácil" identificar as áreas onde só houve regularização. "Das 32 mil famílias do Incra, 20 mil estão em Mato Grosso, Maranhão e no norte do país, regiões características de posseiros e áreas de colonização", diz documento da entidade.

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