São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 1996 |
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Evangélico vê condições para disputar Presidência
AZIZ FILHO
A candidatura, segundo Fanini, depende de motivações pessoais, que ele diz não existirem. O pastor foi lançado por líderes da Igreja Universal do Reino de Deus em passeata no último sábado no Rio. O pastor, espécie de papa dos batistas, falou à Folha no Maracanãzinho (zona norte do Rio), exigindo, no início, que o tema da entrevista fosse só a feira do Reencontro Obras Sociais e Educacionais, que completa 20 anos. O deputado estadual Rubens Tavares (PL-RJ), evangélico e pré-candidato do PL a prefeito do Rio, estava ao lado. Em sua opinião, a candidatura de Fanini será fortalecida com uma eventual vitória de Francisco Rossi (PDT), evangélico, para a Prefeitura de São Paulo. A seguir, trechos da entrevista de Fanini. * Folha - O sr. será o candidato dos evangélicos a presidente? Nilson Fanini - Para isso, seria necessário haver harmonia e equilíbrio entre as condições externas, objetivas, e as minhas, internas, pessoais, aquela luz interior. As condições objetivas existem, mas faltam as subjetivas. Folha - Houve repercussão do lançamento da sua candidatura? Fanini - Centenas telefonaram, até do exterior. Fiéis, políticos, governadores. Folha - O sr. recebeu convite de algum partido? Fanini - Não vou dizer. Folha - As denúncias contra a Universal prejudicam a imagem dos evangélicos? Fanini - Nunca tivemos tanta gente. Duplicamos o número de cultos. Na minha igreja, eu passei de três para sete cultos por dia. Folha - Esses episódios podem unir as igrejas evangélicas? Fanini - Unificação, não. Devemos respeitar as interpretações teológicas, mas nunca houve um movimento que unisse tanta gente evangélica e tão depressa. Folha - Igrejas tradicionais como a Batista criticavam os métodos da Universal e agora parece haver uma aproximação. Mudou a Universal ou mudaram as igrejas? Fanini - Foram os resultados da Universal. A gente viu tanta gente sair da sarjeta, deixar de beber, largar vícios, imoralidades. Muitas vidas foram transformadas. Folha - Os evangélicos podem se unir em um partido numa eventual luta pela Presidência? Fanini - Não. Devemos produzir bons cidadãos, mas a pessoa escolhe o partido. Somos pela separação entre Estado e igreja. Folha - Mas sua eventual candidatura, apoiada pelos evangélicos, não atrelaria a Presidência aos evangélicos? Fanini - Não. Acho que não haverá um candidato evangélico. Pode haver um cristão. Pode ser um cristão evangélico. Nos Estados Unidos, só o John Kennedy era católico. No Brasil, até agora, só tivemos presidentes católicos. Texto Anterior: Supremo pode analisar novo caso contra Collor Próximo Texto: Pastor nega venda a Macedo Índice |
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