São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 1996
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Presidente do CRM é demitido por faltas

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do CRM (Conselho Regional de Medicina), Pedro Henrique Silveira, um dos principais opositores do PAS (Plano de Assistência à Saúde), foi demitido por justa causa da Prefeitura de Tremembé em 1990.
Segundo a prefeitura da cidade (135 km de SP), ele teria faltado a plantões e se recusado a atender pacientes. Um ano depois, Silveira, 45, entrou na Justiça do Trabalho contra a prefeitura, pedindo o pagamento de salários, horas extras e adicional de insalubridade.
Em fevereiro de 93, o juiz do Trabalho Carlos Augusto Escanfella julgou a ação improcedente.
Segundo argumentação do juiz, os documentos apresentados pelo hospital provam que "ele (Silveira) nunca esteve preocupado com o ser humano, posto que não gostava de acordar à noite, quando de plantão, para atender pacientes".
Ele teria se recusado a deixar "seu leito e seu real sono para atender uma criança com febre".
Afirma ainda que o médico "abandonou correndo o posto para auxiliar um outro médico em cirurgia porque ali receberia altos vencimentos".
A sentença do juiz diz que Silveira admitiu, em depoimento, ter trocado o plantão para trabalhar com um colega em uma cirurgia. Silveira teria dito que "recebeu o valor correspondente ao valor recebido pelo cirurgião".
Por fim, o juiz argumenta que a demissão de Silveira por justa causa foi "correta" e que, então, ele não teria direito aos benefícios trabalhistas que requeria.
O presidente do CRM afirma que já recorreu da sentença e espera decisão final da Justiça.
Silveira diz que trabalhou de 1985 a 1990 para a Prefeitura de Tremembé e que foi demitido por motivos políticos.
Presidente do sindicato dos médicos da região do Vale do Paraíba na época, ele afirma que em 90 liderava uma greve de médicos e que, em represália, o então prefeito José Messias Paredão (PMDB) teria forçado a sua demissão e a de outros dois médicos.
Segundo ele, "todas as acusações foram armadas pelo ex-prefeito" para desmobilizar o movimento grevista. "Ele (o ex-prefeito) mandou um funcionário dele lá no hospital, que inventou que não foi atendido por mim."

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