São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 1996
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Rolls-Royce, para quê?

Quando a lisura de atos do governo está sob suspeita, toda e qualquer diligência que venha a lhes restituir transparência não pode ser afastada e nem tardar. É assim fundamental que sejam questionados, conforme solicitação do TCU, determinados procedimentos administrativos seguidos pelo Ministério da Aeronáutica durante a montagem do polêmico projeto Sivam e que o ministério possa oferecer respostas mais claras do que as que ofereceu até agora para as dúvidas formuladas pelo tribunal.
Há, porém, na apuração de possíveis irregularidades no caso Sivam, determinada por comissão especial do Senado, um perigo que infelizmente vai se mostrando cada vez mais nítido: o de se perder de vista, em meio à viciosa discussão de tecnicalidades, a questão fundamental para o país, isto é, a da real necessidade do sistema.
Dúvidas quanto às formalidades administrativas que deveriam ser observadas, assim como debates -quiçá infindáveis- sobre os custos para a implementação do sistema, a atualidade ou a eficiência de seus recursos tecnológicos parecem estar criando, pouco a pouco, uma cortina de fumaça em torno da controvérsia, prejudicando a visibilidade do que representa, de fato, o interesse nacional.
Há, pois, questões de duas ordens: a da viabilidade e a da necessidade. Que se discutam, quanto se quiser, os meandros da execução do Sivam. Mas que se pergunte, em primeiríssimo lugar, se o Brasil, realmente, precisa desse projeto.

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