São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 1996
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ACM abandona suas críticas ao Sivam

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Logo depois de uma conversa com o presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidente da supercomissão do Senado que investiga o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), declarou uma trégua ao projeto de US$ 1,4 bilhão.
No fim da tarde, como primeiro resultado desta trégua, ACM propôs que a supercomissão decida o destino do Sivam até 7 de fevereiro, no máximo. A proposta foi aprovada rapidamente, num sinal claro de que a oposição ao Sivam não é mais a mesma no Senado.
"Fui agradecer ao presidente e falamos rapidamente", disse o senador sobre seu encontro com FHC. O motivo do agradecimento é o acordo fechado na sexta-feira para a venda do Banco Econômico ao Excel, em que o Banco Central assumiu parte do prejuízo, como defendia o PFL baiano.
Com a solução para o Econômico, ACM suspendeu o bombardeio ao Sivam. Embora ainda mantenha a intenção de votar contra o empréstimo externo que viabilizará o contrato com a empresa Raytheon, ACM está decidido a não mais investir contra o projeto.
"Ele (ACM) deixou de lado o tom belicoso", contou o líder do PFL, senador Hugo Napoleão (PI).
O senador baiano deixou de lado a denúncia que fez contra a Raytheon. Ontem, durante a reunião da supercomissão, ACM ignorou pedido do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) para que apresentasse a denúncia aos colegas.
Em dezembro, no auge da crise do Sivam, ACM chegou a anunciar que o Sivam estava morto e enterrado. Na última semana, repetiu a amigos o seguinte diagnóstico: o clima contrário ao Sivam havia passado, apesar de a resposta apresentada pelo Ministério da Aeronáutica ter sido considerada insuficiente para rebater as irregularidades apontadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
Somente um fato novo contra o Sivam seria capaz de levantar novamente a oposição que o projeto sofreu em dezembro, avaliou. ACM decidiu que não seria ele quem tomaria essa iniciativa.
Embora a vitória do contrato não seja ainda considerada certa, está claro que o acordo para cancelá-lo não se sustentou diante da insistência de FHC em aprovar o projeto. O presidente insistiu que não havia nenhuma irregularidade que comprometesse o contrato e cobrou o apoio dos aliados.
Ontem, ACM se comprometeu a levar à comissão um novo parecer -mesmo que extra-oficial- do TCU sobre as irregularidades encontradas na montagem do Sivam antes de os senadores votarem o projeto. Ainda que o TCU mantenha a condenação ao projeto, o Senado poderá aprová-lo, afirmou o relator Ramez Tebet (PMDB-MS): "O TCU não terá a palavra final", declarou.

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