São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 1996 |
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Rio é multado por não limpar baía
RONI LIMA
Além do atraso, o orçamento inicial de US$ 793 milhões (US$ 350 milhões do BID, US$ 250 milhões da agência do governo japonês OECF e US$ 193 milhões do governo estadual) sofreu acréscimo de US$ 37 milhões, devido ao pagamento pelo governo de impostos não previstos. O programa inclui principalmente obras de saneamento básico, entre outras. Há reclamações sobre o andamento e a qualidade de obras em várias regiões, como na ilha de Paquetá e em São Gonçalo. Algumas empreiteiras cancelaram o contrato com o governo, por não conseguir tocar as obras. As maiores reclamações se concentram em áreas da Ilha do Governador (zona norte do Rio). "Isto aqui está péssimo. Eles vêm, fazem um buraquinho e depois vão embora", reclama o presidente da Associação de Moradores da Vila Joaniza, João Herculano da Silva, 58. Herculano não se conforma com o serviço feito pela empreiteira Engeurbe em Vila Joaniza, que tem cerca de 21 mil moradores. "Eles abriram valas e botaram canos, mas deixaram aberto. Na primeira chuva, entupiu de terra." O coordenador do programa de despoluição da baía, Fernando Mac Dowell, reconhece a existência de problemas e culpa o governo anterior. O secretário do Meio Ambiente na gestão Leonel Brizola (PDT), Roberto D'Ávila, diz que é "fácil" e "deselegante", depois de um ano, o atual governo responsabilizar a gestão anterior (leia a crítica de Mac Dowell e a resposta de D'Ávila nos textos ao lado). Favelas Em abril, o coordenador da entidade ambientalista Os Verdes, Sérgio Ricardo de Lima, 27, já reclamara ao governo sobre o emprego de material de baixa qualidade na canalização de esgotos da favela Serra Morena. Os canos começaram a quebrar, e o esgoto vazou. As obras foram refeitas, com a substituição dos tubos. Mas, em dezembro, moradores de algumas casas, situadas em nível abaixo dos canos, começaram a reclamar de infiltrações. "Meu guarda-roupa ficou destruído", reclama Juracir Maria da Conceição Loureiro, 67. No bairro da Sapucaia, com 30 mil moradores, há reclamações de canos de água e de esgoto que não foram enterrados a uma profundidade adequada. Com o tráfego de veículos, alguns arrebentaram. Em outros locais, começou a faltar água. Moradores pagaram do próprio bolso a substituição de partes quebradas dos canos. No morro do Guarabu, o presidente da associação de moradores, Osmar Vargas, 31, reclama que o projeto de esgoto sanitário não foi bem dimensionado: o esgoto está vazando por um bueiro. O vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alerj (Assembléia Legislativa do Rio), deputado Carlos Minc (PT), promete para fevereiro, após o fim do recesso parlamentar, uma auditoria no programa de despoluição. Minc é autor da lei que criou Fadeg (Fórum de Acompanhamento do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara), organismo fiscalizador formado por várias entidades. A lei foi vetada pelo governador Marcello Alencar (PSDB), mas o veto foi derrubado em plenário. Texto Anterior: Estudante baleado faz 1 mês de hospital; Cetesb mostra dados por meio da Internet; TCM de São Paulo tem nova presidência; PM 'caça' jet skis no litoral de São Paulo; QUINA Próximo Texto: Ex-secretário diz que criticar é fácil Índice |
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