São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 1996
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Tchetchenos tomam mais reféns

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Subiu ontem para 250 o número de reféns em mãos de rebeldes tchetchenos em uma cidade do Daguestão. A negociação entre eles e os russos se intensificaram ontem, com informações desencontradas de ambos os lados.
No início da semana, o grupo Lobo Solitário, que quer a retirada das tropas russas da República Autônoma da Tchetchênia, ocupou um hospital em Kizliar, na República Autônoma do Daguestão.
Anteontem, cerca de 250 rebeldes fugiram em um comboio de ônibus levando 160 reféns. Eles queriam voltar à Tchetchênia, mas acabaram cercados na cidade de Pervomaiskaia.
Ontem, os rebeldes tomaram cem reféns. A informação de novas capturas havia sido divulgada horas antes, e depois desmentida.
A imprensa está sendo mantida longe de Pervomaiskaia, pequena cidade do Daguestão, na fronteira com a Tchetchênia. Tanques russos cercam os rebeldes à distância.
Os reféns, que anteontem estavam todos dentro dos ônibus, foram alojados na mesquita e na escola da cidade. Desta forma, eles deixaram de funcionar como escudos humanos.
Os guerrilheiros prometeram libertar as mulheres e crianças caso as tropas russas suspendessem o cerco. Ao invés disso, os tanques se aproximaram no final da tarde.
No início da noite, um carro com cinco oficiais russos passou pelo posto de controle a cinco quilômetros do comando rebelde e foi em direção a eles, para retomar as negociações.
Segundo um porta-voz dos rebeldes, a movimentação assustou o líder do grupo, Salman Raduiev, que ameaçou novamente atirar nos reféns se os tanques russos chegassem mais perto.
Na França, onde foi participar de homenagens ao presidente morto François Mitterrand, o presidente russo, Boris Ieltsin, admitiu que as negociações com o comando rebelde podem levar à desocupação militar da Tchetchênia.
"Há negociações na Tchetchênia. Assim que eles concordarem em não usar mais armas, nós retiraremos as tropas. Só a polícia vai permanecer, para manter a ordem pública", disse.
Em dezembro de 1994, após a proclamação unilateral da independência rebelde, Ieltsin ordenou a invasão da região. A intervenção, planejada para ser rápida, se estende até hoje.

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