São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 1996
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Discursos falam de ajuste fiscal

DA REPORTAGEM LOCAL

A assinatura do protocolo de entendimentos para solucionar a crise de Banespa foi cenário de discursos que exaltaram a importância do ajuste fiscal que o acordo promoverá, bem como a herança que esta dívida significa.
Ontem, no Palácio dos Bandeirantes (sede do governo paulista), o primeiro a falar foi o presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, que entrou na negociação para financiar a compra da Fepasa -a rede ferroviária paulista- pela RFFSA (Rede Ferroviária Federal S/A).
O mote de Mendonça de Barros foi a importância de se repassar a Fepasa à esfera federal, que irá privatizá-la. "Isso resultará no investimento de R$ 1,5 bilhão no Estado de São Paulo nos próximos anos. Isso também contribui para a redução do 'custo Brasil", disse.
Pedro Malan (Fazenda) ressaltou o esforço que São Paulo está fazendo para pagar parte de sua dívida com a venda de patrimônio, e que isso tem um reflexo importante no restante da dívida do Estado (que chegou a R$ 50 bilhões no final do ano passado).
Mas o próprio Malan frisou que a negociação para solucionar o problema da dívida que São Paulo tem com o Banespa girou em torno de "legados do passado".
Sem citar nomes, o ministro se referia aos governos do PMDB que antecederam Mário Covas (PSDB), em cujas gestões foram feitos empréstimos, por meio do Banespa, hoje questionados na Justiça pelo próprio Banco Central.
O ministro completou o raciocínio citando a Lei do Colarinho Branco que proíbe, desde 1993, que uma instituição financeira empreste ao seu acionista majoritário. "Isso é crime", afirmou.
Para o presidente do BC, Gustavo Loyola, cuja posição pessoal sempre foi favorável à privatização do banco, "é importante a reorganização, a reestruturação".
Em privatização, ninguém ousou falar. "Dizíamos que a solução sairia da negociação e que cada caso é um caso. E os exemplos estão aí para quem quiser ver", completou o ministro.

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