São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 1996
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Amarga lembrança

O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) circulou ontem pelo Congresso carregando um luxuoso calendário recheado de fotos com sua mulher e os três filhos. Bem-humorado, escolheu seu conterrâneo e colega de bancada Humberto Lucena para ser o primeiro a receber o presente.
A escolha não ocorreu por acaso. No ano passado, o Supremo Tribunal Federal cassou o registro da candidatura de Lucena a senador depois que foi provado que o político paraibano imprimira na gráfica do Senado um calendário fora do prazo permitido para tal. O calendário de Lucena teve uso eleitoral. Depois, o Congresso acabou aprovando uma lei que anistiou o hoje senador.
Logo que recebeu o material de Suassuna, Lucena assustou-se. Não elogiou a qualidade do trabalho. A pergunta foi outra:
- Onde você imprimiu o calendário?
Suassuna riu:
- Fique tranquilo. Foi na minha gráfica.
E Lucena, aliviado:
- Graças a Deus!

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