São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 1996
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Na Olimpíada, sorteio define as chances do atleta do Brasil

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se conseguir a vaga para Atlanta, Roberto Leitão vai ter que enfrentar o estigma de azarão que marca os atletas sul-americanos na luta olímpica.
Em entrevista à Folha, por telefone, de Denver, nos Estados Unidos, o brasileiro acredita que tem possibilidades de ficar entre os dez primeiros colocados, posição que não alcançou nas duas Olimpíadas que disputou.
"Em esportes individuais, como a luta olímpica ou o judô, tudo depende muito do sorteio que define as chaves", ponderou. "Se você cai numa chave ruim, com russos, búlgaros e ucranianos, a coisa complica, mas se tiver sorte no sorteio, pode chegar até as finais."
Leitão usou como exemplo o judoca Aurélio Miguel, que não conseguiu repetir a atuação de Seul -onde foi medalha de ouro- em Barcelona, tendo sido eliminado na fase classificatória.
Além do sorteio, o atleta destacou a importância do preparo físico e mental no dia da disputa. "É completamente diferente do basquete ou do vôlei. No nosso caso, uma noite mal dormida pode pôr meses de treinamento no lixo."
O brasileiro, que tem 1,81 m e está com 87 kg, chegou a pensar em disputar a luta olímpica no estilo livre.
"Nos Estados Unidos, a luta livre é muito difundida nas academias, é uma modalidade fortíssima. Treinando aqui, deu para ficar tentado a competir pelo estilo livre", comentou.
"No final, achei melhor mesmo tentar a sorte na greco, porque é a modalidade a que estou mais acostumado e na qual eu acho que terei mais chances."
O dia-a-dia de Leitão nos Estados Unidos é dedicado exclusivamente à preparação para a Olimpíada.
"Pela manhã, tenho feito um trabalho forte de musculação e corrida", contou. "No fim do dia é que costumo treinar a parte tática da luta."
Para ir aos Estados Unidos, o atleta afirmou que teve que "abandonar" uma firma de instalações que mantém no Rio de Janeiro.
"No Brasil, é mais do que sabido que o esporte amador não tem apoio. No meu caso, não seria diferente", disse o lutador, que é formado em engenharia pela PUC-RJ.
"Tive que juntar um dinheiro, deixar a minha empresa aos cuidados do meu pai e me mandar para os Estados Unidos."
No início de março, Leitão deve estar de volta ao Rio de Janeiro para fazer os últimos aprontos para o Pré-Olímpico de maio, na Colômbia.
"Mesmo com uma irmã morando nos EUA, vai ser bom voltar para casa. O carioca sempre sente falta do Rio."
(JCA)

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na segunda-feira a continuação da série de reportagens sobre as chances do Brasil na Olimpíada de Atlanta

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