São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 1996
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Mitterrand interrompeu tratamento

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

François Mitterrand interrompeu seu tratamento de saúde dois dias antes de morrer e pediu que não tentassem prolongar artificialmente sua vida.
No sábado, Mitterrand teria perguntado a seu médico Jean-Pierre Tarot quanto tempo sobreviveria se parasse de tomar remédios. De um a três dias, foi a resposta.
A revelação foi feita na edição de ontem do jornal parisiense "Le Monde".
O presidente francês, morto na segunda-feira, teria parado seu tratamento no próprio sábado. Tomava apenas analgésicos.
Há cerca de um mês, Mitterrand teria dito que morreria no começo de janeiro e que não queria utilizar todos os recursos para prolongar um pouco mais os seus dias.
"Em um mês não vou mais estar aqui. Sei que vocês não podem fazer mais nada", teria dito na antevéspera de Natal a um de seus médicos, durante viagem a Assuã, no Egito.
Mitterrand tinha câncer na próstata desde 1981, que havia se estendido aos ossos.
Desde dezembro, os braços e pernas estariam paralisados, e o presidente não podia se alimentar sozinho. No sábado passado, teria chamado seu testamenteiro e amigo André Rousselet, com quem conversou sobre suas últimas disposições.
Depois de ver mais alguns amigos em seu apartamento-escritório próximo à Torre Eiffel, em Paris, Mitterrand se retirou para redigir instruções para o seu enterro.
Permitia uma missa, mas não queria discursos nem coroas de flores, com exceção de dois buquês de rosas-chá e de íris.
Decidiu também que seu caixão fosse levado ao túmulo pelos homens da sua guarda de segurança.
Mitterrand entregou suas instruções a Tarot, que as repassou a Rousselet e à família.
Ele morreu sozinho, isto é, sem a família ou amigos próximos. Acordou às 7h30 de segunda e se queixou de ter passado uma noite muito ruim. Voltou para a cama e morreu por volta das 8h30, dormindo, segundo os homens que faziam a sua segurança.
Ontem, o jornal "Libération" colheu impressões da imprensa estrangeira sobre a presença das duas famílias do presidente no enterro.
Mitterrand era casado com Danielle, com quem teve dois filhos. Com Anne Pingeot, teve Mazarine, 21, escondida do público até 1994. Jornalistas americanos, alemães, suíços, ingleses e japoneses disseram que isso seria inadmissível em seus países.

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