São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 1996
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Rebeldes tchetchenos libertam oito reféns

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Rebeldes tchetchenos cercados por tropas russas no Daguestão desde quarta-feira libertaram ontem oito reféns.
A informação foi dada pelo general russo Alexander Mikhailov. Segundo ele, foram libertados quatro mulheres, três crianças e um adolescente.
Cerca de 200 reféns permanecem em poder de um número igual de separatistas do grupo Lobo Solitário em Pervomaiskaia, perto da fronteira com a Tchetchênia.
Eles concordam em libertar os outros reféns depois de cruzar a fronteira. O governo russo não aceita a exigência e quer que os reféns sejam soltos imediatamente.
Mais tarde, eles propuseram trocar todos os reféns pelo governador pró-russo da Tchetchênia, Doku Zavgaiev, e outros líderes da região. Eles exigiram que a imprensa russa desminta a informação de que um rebelde teria tentado estuprar uma refém.
Um membro do Parlamento do Daguestão disse que os negociadores estão determinados a fazer todo o possível para salvar a vida dos reféns, mas estava pessimista.
"É difícil dizer o que vai acontecer, mas há pouca esperança de um resultado positivo. Pessoalmente, eu duvido", disse Gamid Gamidov.
O Exército russo aumentou o número veículos e tropas perto de Pervomaiskaia. Em um sinal de que pode haver um desfecho violento, mulheres e crianças foram retiradas por tropas russas da localidade de Sovietskoie, a 5 km de Pervomaiskaia.
Para evitar um ataque surpresa dos russos, os rebeldes instalaram minas em volta dos ônibus em que chegaram a Pervomaiskaia.
Na terça-feira, os guerrilheiros invadiram um hospital de Kizliar e tomaram cerca de 2.000 reféns. Eles exigiam a retirada imediata das tropas russas da Tchetchênia.
No dia seguinte, libertaram a maioria deles e seguiram em um comboio de ônibus rumo à Tchetchênia. Pelo menos 23 pessoas morreram desde o início da crise.
"Se as tropas chegarem até aqui, haverá uma batalha sangrenta, porque para nós não há volta", afirmou o líder rebelde Salman Raduiev.
Ele disse que os rebeldes não deixarão Pervomaiskaia sem um escudo humano de jornalistas estrangeiros, funcionários de agências humanitárias e o que chamou de "políticos honestos". Depois, aceitaram retirar a exigência.
Um desses políticos, Iegor Gaidar, disse que aceita ser trocado por reféns. O economista Grigori Iavlinski, também citado por Raduiev, dispôs-se a ajudar.
O general Boris Gromov, também citado, exigiu a libertação imediata e incondicional dos reféns. Alexander Lebed, general reformado e candidato à Presidência, não se pronunciou.
Um porta-voz do Kremlin disse que o presidente Boris Ieltsin é informado sobre a situação de hora em hora. Ele enfrenta o desafio de ter de decidir sobre o uso da força contra os rebeldes. O desfecho da crise pode afetar seus planos de reeleição em junho.

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