São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Ausentes culpam as "bases eleitorais"

HELCIO ZOLINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O "trabalho de base" nos Estados e as licenças para tratar de assuntos particulares são as principais justificativas dos deputados que mais faltaram em 95.
Os senadores afirmam que acumularam trabalho nas comissões e que suas faltas se concentraram nas reuniões não-deliberativas, às segundas e às sextas-feiras, durante a primeira metade do ano. No segundo semestre, os senadores deixaram de controlar ausência nesse tipo de sessão.
Zé Gomes da Rocha (PSD-GO): "Eu sou o deputado que o Brasil precisa ter. Quando adoeci, não quis pedir licença médica para não ter que receber da Câmara essa mixaria", disse.
O deputado disse que no primeiro semestre tirou licença por interesse particular por 90 dias para tratar de uma pneumonia.
Adhemar de Barros Filho (PPB-SP): "Não sou faltoso. É preciso ter muita atenção, senão vai sobrar porrada, para a Folha e para você em particular."
O deputado disse que tirou licença por interesse particular em agosto e setembro para cuidar de problemas pessoais.
Mauro Fecury (PFL-MA): "A gente trabalha mais na base, porque não nos elegemos em Brasília. Por isso viajo muito. Eleição se ganha no corpo-a-corpo no Estado", afirmou.
Emerson Olavo Pires (PMDB-RO): "É malandragem ficar justificando falta. Prefiro assumir o erro."
Raul Belém (PFL-MG): "Ainda não cheguei a justificar algumas dessas faltas, mas posso dizer que em 95 não arredei o pé de Brasília."
O deputado disse que só faltou nos dias em que adoeceu.
Augustinho Freitas (PPB-MT): "Minha responsabilidade está nas bases. Nas vezes que faltei por compromissos políticos houve corte de salário."
Freitas afirmou ter faltado a "cinco ou seis" sessões, no segundo semestre, devido a compromissos políticos em Minas.
Newton Cardoso (PMDB-MG) - Sua assessoria informou que ele se encontrava em viagem ao exterior e que só deveria retornar no próximo dia 16.
Davi Alves Silva (PPB-MA) - A Folha tentou falar com o deputado na segunda (8), na terça (9) e na quarta (10), em Brasília e Imperatriz. A reportagem deixou oito recados com suas secretárias, mas o deputado não ligou de volta.
Bosco França (PMN-PI) - O deputado não foi encontrado em Brasília nem em seu escritório em Aracaju (SE). Ele também não retornou os telefonemas.
Jurandyr Paixão (PMDB-SP) - Foi procurado em Brasília e em seu escritório em São Paulo. Não retornou as ligações.
Luiz Alberto (PTB-PR): "Não tenho saído de Brasília. Na minha avaliação, sempre fui um parlamentar presente."
O senador disse que prefere não apresentar justificativas de faltas, "como fazem alguns colegas".
Teotonio Vilela Filho (PSDB-AL): "Nas sessões das segundas e sextas-feiras quase não se comparece porque são só discursos, mas nas sessões deliberativas só tive oito faltas."
Ele afirmou que pediu licença por interesse particular para viajar.
Ney Suassuna (PMDB-PB): "Fui um dos mais atuantes. Relatei 61 processos, um recorde, e fiz 59 discursos. O problema é que, enquanto cuidava das missões que recebi, mesmo estando na Casa, levava faltas adoidado", disse.
José Ignácio Ferreira (PSDB-ES): "Eles não levam em conta as frequências nas comissões. Estou em Brasília a semana toda, sempre presente nas sessões deliberativas e por isso contesto esses números."
Ele disse que o critério de apuração das faltas não tem lógica.
Roberto Freire (PPS-PE):
"Faltei sim e o que é que tem? Faltei trabalhando e foi tudo descontado. A maioria das faltas foi por conta de atividades partidárias."
Renan Calheiros (PMDB-AL): "Depois do Sarney, fui quem mais presidiu sessões do Senado", disse.
O senador atribuiu suas faltas ao trabalho na Comissão Mista de Orçamento, da qual é presidente.
Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) - O senador disse que apresentar justificativas para as faltas é uma "hipocrisia". Segundo ele, suas faltas se deram nas segundas e sextas-feiras, quando as sessões não são deliberativas.
Pedro Piva (PSDB-SP):
"Quando precisei faltar, adotei um princípio ético: fiz requerimentos para me ausentar como se fosse para tratar de assuntos particulares, embora estivesse tratando de interesses públicos."
Ele disse que esteve presente em todas as votações.
Coutinho Jorge (PSDB-PA): "Sou senador de tempo integral, fui o único que trabalhou no Congresso em julho. Isso não aparece. O que vale é o botão", disse, se referindo ao painel eletrônico. Para ele, o critério de apuração das faltas é "ilógico e absurdo".
Sebastião Rocha (PDT-AP) - Disse que compareceu às sessões deliberativas.
Onofre Quinan (PMDB-GO) - A assessoria do senador informou que ele se encontra de férias e que só deveria retornar no dia 16.

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