São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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'Mãe de Acari' quer apuração

SÉRGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A impunidade é a principal característica dos casos que, nos últimos anos, vincularam policiais a crimes. Creditadas a policiais civis e militares, as chacinas da Candelária (oito mortos) e de Vigário Geral (21 mortos), ambas em 1993, são exemplos da dificuldade em se comprovar na Justiça as acusações feitas nos inquéritos.
Apontados por testemunhas como envolvidos na chacina contra meninos de ruas que dormiam perto da igreja da Candelária (centro), três PMs estão presos, mas não há data prevista para o julgamento.
A situação da chacina de Vigário Geral é mais complicada. Dos 33 acusados, 28 eram PMs. Outros três eram policiais civis. Em 95, 17 PMs foram inocentados.
Outro exemplo é o desaparecimento de 11 jovens que moravam na favela de Acari (zona norte).
Testemunhas apontam seis PMs e seis policiais civis como responsáveis pelo sumiço. Os 12 acusados continuam trabalhando.
Como os corpos dos adolescentes não apareceram, não há como indiciá-los. Revoltados, parentes das vítimas criaram a associação Mães de Acari.
A mais atuante mãe de Acari, Edméa da Silva Euzébio, foi assassinada em janeiro de 93. O principal suspeito é o ex-PM Paulo Criazolla, que está preso.
Com a morte de Edméa, assumiu a liderança do grupo Vera Leite, 46, mãe de Cristiane Leite de Souza, desaparecida aos 16 anos. Ela demonstra revolta com a demora na apuração do caso. "Estou quase perdendo as esperanças porque não conseguimos reverter esse quadro de investigações paralisadas", diz.
(ST)

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