São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996 |
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Quando sai, não sei se volta, diz mulher de PM
MARCELO GODOY
A dona-de-casa Cleuza Alzira Rodrigues Sant'Anna, 33, afirma que já sentiu essa aflição várias vezes por causa do soldado José Carlos Cardoso Sant'Anna, 30, com quem está casada há cinco anos. "Toda vez que pára um carro aqui, eu espero pelo pior." O motivo da aflição é que essa é a forma pela qual as mulheres de PMs são avisadas quando seus maridos são mortos ou feridos. "Da última vez, só acreditei que não havia acontecido nada quando liguei para o quartel do meu marido." Segundo a dona-de-casa, um amigo do soldado havia passado à tarde na sua casa apenas para pedir uma vara de pescar. Quando a dona-de-casa conheceu Sant'Anna, ele já era policial. Eles têm três filhos. Moram em Guarulhos (Grande São Paulo). "Acho muito arriscado o que ele faz. Quando sai para trabalhar, não sabe se retornará vivo." Sant'Anna já se envolveu em tiroteios, mas nunca baleou ninguém. Teve dois amigos mortos durante os 11 anos de Polícia Militar. O maior susto da vida da dona-de-casa Fátima Goreti Pires Montarroios, 35, foi quando ouviu tiros em frente de sua casa. Pouco depois, os vizinhos se aproximaram dizendo que um PM havia sido metralhado em um posto de gasolina. "Corri até lá, mas não queria acreditar que fosse meu marido. Não era. Os vizinhos haviam se enganado." Fátima é casada há 16 anos com o sargento Ronaldo de Moura Montarroios, 34. Quando ela se casou com Montarroios, ele não era policial. Fátima disse que não resistiu à idéia do marido entrar para a PM. "Não tinha idéia de como era perigoso." Para evitar o susto provocado em sua mulher pela chegada de PMs em sua casa, o sargento Montarroios proibiu a ida de seus subordinados até sua casa enquanto ele está de serviço. "É também para não provocar alarde na vizinhança." (MG) Texto Anterior: Maus policiais são minoria, diz secretário Próximo Texto: Unicamp faz nova prova da primeira fase hoje Índice |
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