São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Mercado traça destino dos cartões

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

As administradoras de cartões de crédito no Brasil estão em polvorosa. Nos próximos dias, executivos dos bancos, da Credicard S/A; da Visa International e da MasterCard International irão discutir, em São Paulo, os destinos do "dinheiro de plástico" no país.
Está em jogo a participação das administradoras num mercado bilionário, que dobrou de tamanho no ano passado ao movimentar US$ 22 bilhões em transações de 14,5 milhões de clientes, segundo a Abecs, associação do setor.
O ponto alto das reuniões dos executivos locais e internacionais das empresas será a quebra da polêmica exclusividade que a franquia MasterCard oferece há anos à Credicard, maior administradora local de cartões de crédito, com faturamento de US$ 9 bilhões no ano passado.
Pelo contrato atual, somente a Credicard vende cartões com a bandeira MasterCard, numa prática inexistente em centenas de países do mundo onde opera. A quebra da exclusividade é considerada iminente por vários executivos ouvidos pela Folha.
"O mercado de cartões evoluiu muito no ano passado. Falta agora acabarmos com a exclusividade das bandeiras", diz Nilton Volpi, presidente da Abecs. "Esse processo já começou. O Bamerindus aceita pagamentos e vende cartões com os selos Visa e American Express."
Volpi diz estar afastado das negociações, pois trabalha numa empresa concorrente de ambas as partes envolvidas, a American Express. Seus competidores, contudo, não falam sobre outro assunto.
Na sexta-feira passada, dirigentes da Visa e dos bancos associados reuniram-se para definir os termos da negociação com a MasterCard, nos próximos dias.
A arqui-rival da Visa irá promover, na próxima terça-feira, um evento (MasterCard Day) num hotel paulistano, com a presença de Richard Child, presidente para a América Latina e Caribe.
A vinda dos principais executivos regionais da Visa e da MasterCard para o Brasil ocorre quase dois meses após o principal fator da quebra da exclusividade desfrutada pela Credicar: a venda da Nacional Administradora de Cartões de Crédito para o Unibanco.
Com a compra do Nacional, o Unibanco passou a vender em suas agências novas o cartão Nacional Visa e, nas agências antigas, os cartões Diners Club e Credicard MasterCard.
A exclusividade, segundo executivos do mercado, ficou insustentável. É que o Unibanco é um dos três sócios da Credicard, junto com Itaú e Citibank, e não abriria mão de uma empresa com mais de 1,3 milhão de clientes e uma receita de anuidades de cerca de US$ 70 milhões, só para assegurar a continuidade de um contrato considerado ultrapassado.
A Credicard, por sua vez, aceitaria que seus bancos filiados vendessem cartões Visa, mas não quer desistir de controlar as transações e o relacionamento com sua rede de estabelecimentos filiados, mais de 260 mil em todo o país.
Uma das soluções possíveis para o "imbróglio", portanto, seria combinar uma exclusividade na rede de estabelecimentos com uma dualidade das bandeiras - a própria empresa também venderia cartões Credicard com o selo Visa.
Os bancos filiados à Visa, de seu lado, passariam a vender cartões com o selo MasterCard. Sua rede de estabelecimentos, nessa hipótese, seria administrada e compartilhada entre os sócios de uma nova empresa, batizada provisoriamente de VisaNet.
A Folha tentou ouvir representantes do Nacional, da Credicard e da Visa, mas as empresas limitaram-se a informar que as negociações estavam em curso e não poderiam ser reveladas. Os porta-vozes da MasterCard, em Miami, estavam viajando, segundo a assessoria de imprensa da franquia.

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