São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Caos e estádios vazios marcam Copa Ouro

MÁRIO MAGALHÃES
DO ENVIADO A LOS ANGELES

O fracasso de público e a desorganização são as principais características da Copa Ouro de futebol até agora.
A seleção brasileira pré-olímpica utiliza a competição como treinamento para o Torneio Pré-Olímpico, que ocorrerá entre 18 de fevereiro e 5 de março, na Argentina, classificando dois países sul-americanos para os Jogos de Atlanta.
O Brasil estreou num estádio -o Memorial Coliseum, de Los Angeles- com capacidade para 90 mil pessoas. Apenas 8.234 pagaram ingresso, tornando o local quase tão silencioso como as arquibancadas de um jogo de tênis.
O futebol não empolga os norte-americanos, mas nem imigrantes latinos a Copa Ouro motivou.
Em San Diego, também no Estado da Califórnia, só 15.352 pessoas viram México x São Vicente. No estádio, cabem 60 mil.
A Copa Ouro é um torneio oficial promovido pela Concacaf, a federação de futebol que congrega os países da América Central e do Norte. O Brasil é convidado.
Até agora ninguém sabe ao certo qual é o regulamento. No original, o vencedor do grupo B (provavelmente o Brasil) enfrentaria o do grupo C (talvez os EUA).
Ao perceberem que o país campeão mundial poderia enfrentar o da casa antes da final, o regulamento foi mudado. O ganhador da chave C enfrentaria o da A (o México é favorito).
Assim, o Brasil pegaria o melhor segundo colocado dos três grupos, mas nem isso é certo.
Em espanhol, o regulamento exige que os técnicos estejam na sala de entrevistas 10 minutos antes do fim das partidas.
O jogo entre Brasil e Canadá atrasou 11 minutos para que fossem colocadas, na última hora, placas de publicidade no campo.
Nos treinos também houve dificuldade. A equipe de São Vicente foi impedida de treinar num estádio porque a administração se recusou a acender os refletores se não fossem pagos US$ 500,00.
A seleção brasileira se atrasou mais de uma hora para um treinamento porque o motorista do ônibus se perdeu em los Angeles.
O técnico Zagallo foi multado em US$ 500,00 por não ir a uma reunião sobre regulamento, enviando um representante.
No jogo entre Honduras e Canadá, o alto-falante não anunciou o nome dos jogadores. Segundo uma funcionária da Concacaf, era para evitar que o público aplaudisse mais uns e outros menos. Nenhum diretor da Concacaf quis comentar os problemas.

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