São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Franquia dos EUA é mais cara no Brasil

NELSON ROCCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Abrir uma franquia nos Estados Unidos custa menos que no Brasil. É o que se constata ao observar a taxa de franquia e o investimento mínimo necessário para uma unidade de redes norte-americanas que atuam no país.
As discrepâncias podem chegar ao triplo, como na rede Domino's Pizza. Nos EUA, a taxa cobrada para o ingresso de um novo operador na rede é de US$ 9.500 e, no país, de US$ 30 mil.
Franquia é um sistema de negócio que consiste na transferência dos direitos de exploração da marca, serviço, produto ou tecnologia de operação de uma empresa para outra, mediante o pagamento de taxas e royalties.
Há casos, no entanto, em que as taxas são exatamente as mesmas -como na Postnet e na Subway- ou até menores -como na Dunkin'Donuts (veja quadro ao lado).
"A tendência é de que os valores sejam iguais ou até mais baixos no Brasil, porque nos EUA as franquias são empresas consolidadas e aqui, em fase inicial. Valores maiores não se justificam, a não ser que as taxas incluam outros itens", diz Paulo César Mauro, 45, diretor da PCM Franchising.
Mário Cássio Maurício, 26, diretor de operações da Domino's Pizza, diz que a taxa de franquia em outros países normalmente é maior. "Essa se divide em duas: R$ 15 mil de taxa de franquia e R$ 15 mil de taxa de território."
Entre os itens que compõem a taxa de franquia, Madeleine Susan Berger, 40, master-franqueada no Brasil da rede Sign Express, enumera a remuneração para o dono da marca, os custos de implantação do sistema, os manuais, a transferência de Know-how e o registro da marca.
Segundo Madeleine, que integra a comissão de ética da ABF (Associação Brasileira de Franchising), outro aspecto que deve ser analisado é a relação entre custo e oportunidade de uma franquia.
"Se uma empresa não tem mais vagas em São Paulo, local que tem apenas uma franquia, ela será vendida pelo preço que o interessado pagar", afirma.
Ela diz que os valores podem variar em relação à localização, já que os custos são diferentes.
"No nosso caso é assim, porque o preço que paguei pela franquia do território é diferente do que o master-franqueado da Argentina pagou", justifica Madeleine.
Marcelo Cherto, 41, diretor da consultoria Cherto & Associados, afirma que não se justificam grandes diferenças nas taxas de franquia de um país para outro, mas acha aceitável que elas ocorram.
"Os componentes mercado e atratividade também integram a taxa. Além disso, geralmente o master-franqueado repassa uma parte do que recebe para o franqueador norte-americano", diz Cherto.
Para Cherto, outro componente do valor da taxa é a "ganância do master-franqueado em recuperar seu investimento."
A sofisticação no treinamento dado aos franqueados brasileiros é o motivo da rede Alphagraphics para elevar os valores.
Paulo de Azevedo Antunes, 25, gerente de franquia da empresa, afirma que o treinamento nos EUA é de três semanas.
"Aqui, além do treinamento nos EUA, o franqueado é treinado mais três semanas em uma de nossas lojas, incluindo funcionários."
Segundo Silvana Almeida, 39, gerente da rede Mail Boxes Etc., o treinamento nos EUA é mais intenso, por isso a taxa de franquia no Brasil é menor.
Por não ter interesse em ampliar a rede, a HQ Business Centers cobra valores maiores no país, segundo Milene Koraicho, 31, diretora de marketing da empresa.

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