São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 1996![]() |
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Gallup decifra consumidor chinês
JAIME SPITZCOVSKY
Esse é o retrato do consumidor chinês, conforme pesquisa de mercado realizada no ano passado pela companhia Gallup-China. A China deixa de ser uma fortaleza do comunismo, protegida pela ideologia e castigada pela escassez, para se transformar em uma sociedade de consumo, movida pela competição e servida por prateleiras lotadas. O Partido Comunista, no poder desde 49, começou com as reformas pró-capitalismo há 17 anos, para salvar o país do colapso. A estratégia, baseada na atração de capital estrangeiro e nas exportações, deu à China um dos mais acelerados ritmos de crescimento econômico da história. No ano passado, a economia chinesa cresceu 10,25%, contra 11,8% em 1994. Mas a China, país mais populoso do mundo, com 1,2 bilhão de habitantes, continua com uma renda per capita modesta. Anunciava no ano passado US$ 435, contra US$ 21.653 do vizinho rico, Hong Kong. "Claramente esta é uma sociedade com forte aspirações materiais e nem todas elas estão sendo satisfeitas atualmente", comentou Richard Burkholder, diretor de operações mundiais da Gallup. A invasão de produtos importados busca satisfazer a demanda. Entre as dez marcas mais conhecidas, seis são japonesas. A Coca-Cola ficou em segundo lugar e a Tsing Tao, cerveja chinesa, conquistou um honroso quinto lugar. Se as japonesas superam as norte-americanas no campo eletrônico e automobilístico, perdem na área de "fast food" e refrigerantes. Nesse território, imperam empresas do EUA como Kentucky Fried Chicken, McDonald's, Burger King e Pizza Hut. Os entrevistados pela Gallup disseram que, nos planos de compra para os próximos dois anos, prevalecem TVs em cores (32% das respostas), máquina de lavar roupas (22%), geladeiras (21%), gravadores (19%) e aparelhos de vídeo (16%). Publicidade também passa a carregar maior importância na China. Segundo a pesquisa, 68% dos consumidores urbanos disseram que definem suas compras pelos comerciais -resposta de 43% dos entrevistados da zona rural. A pergunta "atitude em relação à vida" mostrou que os chineses não são os mesmos dos tempos da ortodoxia comunista de Mao Tse-tung. Apenas 4% dos entrevistados optaram por "nunca pensar em si mesmo". A maioria (68%) preferiu a linha "enriquecer é glorioso", sinalizado nos anos 80 pelo líder comunista Deng Xiaoping. Por enquanto, sobrevivem sinais de uma sociedade em busca de desenvolvimento econômico. Dos entrevistados, 81% disseram ter bicicleta, maneira fácil e barata para driblar deficiências do sistema de transporte coletivo. Próximo Texto: Pesquisa é a 1ª do gênero Índice |
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