São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 1996
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Brilho das jóias atrai a classe média

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Comprar uma jóia não é mais privilégio do público de alto poder aquisitivo. Um novo consumidor surgiu com o Plano Real e já é responsável pelo aumento de até 40% no faturamento das joalherias: a classe média.
A estabilidade do real, do dólar e do ouro fez da jóia um produto mais acessível. E a procura por peças nas faixas de R$ 60 a R$ 400 leva joalherias a mudarem o mix de produtos.
Quem só trabalhou com jóias pesadas -que custam de R$ 1.000 para cima- viu a receita cair 8% em no ano passado na comparação com 1994, ainda segundo levantamento da associação.
"A classe média está comprando jóia no Brasil como nunca comprou", diz José Rosembaum, presidente da Ajoesp.
Segundo ele, o que está favorecendo esse mercado é o fato de o consumidor ter noção de preços. Além disso, as joalherias vendem hoje em até seis pagamentos sem juros.
Na Natan, rede com 12 lojas espalhadas pelo Brasil, 35% das jóias já custam menos do que R$ 1.000. Antes do real, esse percentual girava em torno de 20%.
Resultado: em 1995 a loja do shopping Iguatemi, por exemplo, faturou 20% mais do que em 1994.
Novo perfil
"Estamos atendendo um novo público", diz Ricardo Ramos, gerente da Natan. Os relógios de R$ 150 a R$ 500, afirma, tiveram ótima saída.
Nelson Semeoni, proprietário da Montecristo, que tem duas lojas em São Paulo, informa que faturou 25% mais em 1995 na comparação com 1994.
Ele conta que cerca de 80% dos seus clientes do final do ano passado foram novos, ou seja, não tinham comprado na sua loja. "As jóias de alto valor não foram negociadas."
Os relógios de R$ 600 foram os mais procurados. As jóias mais vendidas, diz ele, foram as que custavam entre R$ 1.000 e R$ 3.000. "No passado, o grosso da venda era das peças que custavam entre R$ 6.000 e R$ 7.000."
Tobias Dryzun, proprietário da Dryzun, rede com nove lojas em São Paulo, diz que em 1995 apareceu o consumidor que compra jóia na faixa de R$ 200 a R$ 3.000.
"São essas as peças que vamos repor neste ano." Ele diz que, depois do real, aumentou entre 30% e 40% o número de novos clientes.
Para atender esses novos consumidores, conta ele, a Dryzun está reduzindo o custo das peças que têm mais saída com o aumento da escala de produção e corte nas margens de lucro.
Para baratear o preço, afirma, a empresa está usando mais pedras brasileiras do que rubis.
Pascoal Tadeu Labate, proprietário da Dilabate, com três lojas em São Paulo, diz que a jóia está se popularizando no Brasil.
Ele atribui à classe B o aumento de 40% no seu faturamento em 1995 sobre 1994. "Foi esse o público que saiu às compras."
Na sua loja do shopping Aricanduva, o cliente comprou peças entre R$ 90 e R$ 150. Nas do Plaza Sul e São Bernardo, as mais vendidas custam de R$ 130 a R$ 200.
"O curioso é que o consumidor médio tinha receio de entrar numa joalheria. Agora, como ele tem noção de preço, sabe que uma jóia pode custar mais barato do que uma roupa ou do que comer fora. Para nosso ramo isso é ótimo."

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