São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 1996
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Croatas e muçulmanos querem unir Mostar

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Representantes dos muçulmanos e croatas da Bósnia se comprometeram ontem em Mostar a estreitar os laços de sua federação e consolidar a união da cidade, dividida entre as duas etnias, em um prazo de duas semanas.
"Assumimos o compromisso de que em duas semanas haverá progressos concretos na integração da federação, volta de refugiados aos seus lares e a certeza de que Mostar será uma cidade com liberdade de movimento para todos", disse o chanceler da Croácia, Mate Granic, que se reuniu com seu colega bósnio, Muhamed Sacirbey.
"A federação deve funcionar. Mostar deve ser uma cidade única. A União Européia está comprometida a implementar o acordo de Dayton até a última vírgula", disse o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Klaus Kinkel, que mediou a reunião.
O comandante das tropas da Otan, almirante Leighton Smith, também foi à cidade, onde se registram combates entre muçulmanos e croatas desde o Ano Novo.
No sábado, o presidente dos EUA, Bill Clinton, em visita à Croácia, já havia pedido a seu colega croata, Franjo Tudjman, apoio à federação.
O almirante Smith também procurou pressionar os croatas, mas deixou claro que a Ifor (sigla em inglês para Força de Implementação, da Otan) não vai assumir a patrulha de Mostar, cidade do sul da Bósnia administrada pela UE.
Nos últimos dias, houve combates entre muçulmanos e croatas também na região de Doboj, no norte do país.
Formada em 1994 com apoio dos EUA, a federação muçulmano-croata vai controlar 51% do território bósnio. Os outros 49% ficam com os sérvios da Bósnia.
A divisão entre muçulmanos e croatas acentuou-se na noite de sábado, quando o premiê da Bósnia disse que algo na aliança estava "muito apodrecido".
"Quando você vem da Croácia para Mostar há uma sensação de que você ainda está na Croácia: dos uniformes às bandeiras, tudo é igual, tudo parece uma 'Grande Croácia', não a Bósnia", disse Haris Silajdzic.
Os sérvios de Sarajevo libertaram ontem três bósnios que haviam sido presos no setor sérvio da capital da Bósnia.
Um deles, Ognjen Okuka, 54, disse ter sido maltratado durante o período em que esteve detido em Ilidza. O acordo de paz de Dayton (cidade dos EUA onde foi negociado) prevê livre movimentação de civis por todo o território.
Nesta semana devem acontecer as últimas trocas de prisioneiros de guerra. Cerca de 900 devem cruzar entre hoje e amanhã as linhas que dividem os territórios muçulmano-croata e sérvio.
O prazo final para que todos os presos sejam libertados acaba no dia 19. A supervisão é do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

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