São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 1996
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O mal do nosso país; Promessas de palanque; Critério; Salários dos militares; Revolta; Esclarecimento; Igreja Universal; Boas festas

O mal do nosso país
"Entendo como o governo o exercido pelos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Vejamos os merecimentos do povo brasileiro, seus direitos e suas obrigações. Os 30 milhões de analfabetos merecem o governo que lhes dá o direito de serem analfabetos e terem o direito de votar; portanto, esse contingente espantoso de analfabetos têm a correspondente obrigação de sê-lo. O povo merece o direito de saber que as despesas do Congresso ultrapassam US$ 1 bilhão; corresponde à obrigação de aceitar tão vultoso dispêndio, já que foi o povo que elegeu os membros do Congresso. O povo merece o direito de ser informado de que a Previdência Social está deficitária e de que há sempre tentativas de golpear as parcas e quase esmoladas aposentadorias; e a esse direito de saber cabe-lhe à obrigação de aceitar esse mistério. O povo merece o direito de ver invasores de terras serem espancados; e a esse direito corresponde à obrigação de não ver uma providência rápida para assentamento de famílias. O povo merece o direito de saber que entre o salário mínimo e o maior salário de pessoas que recebem dos cofres públicos o intervalo pode ser figurado como a distância da Terra à estratosfera; a esse direito corresponde à obrigação de eleger os representantes dos seus direitos. O que é povo? É um coletivo que indica o conjunto dos habitantes de um mesmo país, Estado, cidade etc., que vivem sujeitos às mesmas leis. Então o governo também é povo? Sim, o governo também é povo, pois do povo sai o governo. Por que não falei também dos indivíduos bem-aquinhoados? Porque, certamente, eles pensam que não serão atingidos por aqueles tristes direitos e obrigações dos inermes. A sociedade não se manifesta, então o governo pensa que está dando realmente ao povo tudo aquilo que ele merece -eis aí o grande mal do nosso país. Cada povo tem o governo que merece."
Jorge Bortoli (São Paulo, SP)

Promessas de palanque
"Foi muito comemorado pela imprensa, e pelo próprio Planalto, o primeiro ano do governo FHC. E justiça seja feita: realmente superou as expectativas. Mas não se pode tampar o sol com a peneira. Muitas coisas ficaram perdidas no palanque: educação, saúde, empregos e privatizações, bem como reforma agrária, apoio à agricultura, violência no campo e nas cidades. Tudo isso esperar a mesma atenção, que agora FHC dá às viagens ao exterior."
Joubert G. Figueiredo (São Paulo, SP)

Critério
"A Folha noticia a destinação de 1,5 milhão do governo federal para a finalização de filmes. É importante que o senhor ministro tome conhecimento de que a maioria desses filmes não tem cumprido a legislação trabalhista. Espero que o edital para seleção desses projetos coloque como exigência que a empresa comprove que está em dia com todos os encargos sociais e obrigações trabalhistas. É o mínimo a se exigir na utilização de recursos públicos."
Antonio Ferreira de Sousa Filho, presidente do Sindcine -Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Salários dos militares
"É necessário que o sr. presidente da República não ouça só os ministros do Planejamento e da Fazenda e dê mais atenção aos argumentos dos ministros militares, que até o momento conseguiram controlar os seus comandados nos quartéis. Os militares e funcionários públicos federais estão neste momento esperando que o sr. presidente 'force um pouco a barra' e dê um reajuste melhor e salários condizentes com seus cargos e funções desempenhadas."
João R. Pereira, capitão reformado da FAB -Força Aérea Brasileira (São Paulo, SP)

Revolta
"Parece que valeu a pena ser comunista, subversivo e terrorista depois que os militares assumiram o poder, em 1964. Quem se posicionou contra o governo militar, se rebelando com guerrilhas e formando quadrilhas, matando, assaltando bancos e sequestrando, está sendo reconhecido como herói nacional, segundo projeto sancionado pelo atual governo, pressionado pelas entidades de direitos humanos. As famílias de 136 'desaparecidos', supostamente mortos pela repressão, receberão indenização de R$ 150 mil cada, que custará aos cofres públicos mais de R$ 20 milhões. Já estão sendo beneficiados com aposentadoria especial e milionária os jornalistas 'perseguidos' supostamente pelos militares. É mais um esbanjamento do dinheiro público, uma arbitrariedade do atual governo. Afinal, quem defendeu na época a democracia, os terroristas ou os militares? É puro revanchismo. Não dá para entender."
Dorival Cury (Bauru, SP)

Esclarecimento
"Com relação ao editorial 'O pânico da chuva', publicado na edição de 10/1, esclarecemos que o radar meteorológico de Ponte Nova (município de Salesópolis), operado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica, através do Centro Tecnológico de Hidráulica, fornece a cada dez minutos os índices de chuvas que estão caindo num raio de 180 quilômetros, o que inclui o Vale do Paraíba, sul de Minas Gerais, região metropolitana de São Paulo, Baixada Santista (até Peruíbe) e as regiões de Campinas, Piracicaba, Mogi Guaçu e Sorocaba, além do sentido e velocidade de deslocamento das massas de chuvas. Esses dados, cruzados com outros fornecidos pela rede de postos pluviométricos e fluviométricos, fotografia de satélite e outras informações meteorológicas, permitem a elaboração de previsão de vazões nos rios Tietê, Tamanduateí e Pinheiros com até três horas de antecedência. Os índices de chuva e as previsões de vazão são repassados por computadores interligados ao CTH, em tempo real para os seguintes órgãos: Defesa Civil do governo do Estado, Comissão da Defesa Civil do Município de São Paulo, CET e Prefeitura Municipal de Santos, órgãos aos quais cabe tomar providências necessárias para minimizar os eventuais transtornos causados à população pelas inundações. A mesma rotina foi cumprida na última quarta-feira."
Grégory Martins, assessoria de comunicação do Departamento de Águas e Energia Elétrica (São Paulo, SP)

Igreja Universal
"Discordo da avaliação da professora Maria das Dores a respeito da Igreja Universal (Painel do Leitor, 26/12) em vários pontos. 1 - A inexistência de fundamentalismo na referida igreja, pelo simples fato de seus dirigentes praticarem controle de natalidade, já que entre tantas características do fundamentalismo está a interpretação literal de um texto sagrado. E também o fato de não distinguir entre a causa primeira e a segunda, atribuindo diretamente tudo a Deus ou ao demônio, atitude constante na Universal. 2 - Confundir a não-exploração com a falta de consciência dessa exploração, por parte dos fiéis. 3 - Subjetividade e relativismo moral: '...têm sua própria ética'. Não obstante a diversidade, a moral tem normas objetivas e válidas para todos. Do ponto de vista teológico, a argumentação também não convence. Em resumo, não vejo nada de 'posição preconceituosa'. E também não sei porque temos que engolir essa 'nova ética' tão decantada pela pesquisadora."
Padre Antônio Ilário Felici (Marília, SP)

Boas festas
A Folha retribui as mensagens de boas festas que recebeu de: Ida e Attilio de Micheli (São Paulo, SP); Antonio Edson Ferrão (São Paulo, SP); Better Comunicação Ltda. (São Paulo, SP); Hotel Fazenda Fonte Colina Verde (São Pedro, SP); Editora Rock Brigade Ltda. (São Paulo, SP); AG & Associados Propaganda Ltda. (São Paulo, SP); Luiz Gonzaga da Silva (Santo André, SP); Scylla/Paulo Mello (São Paulo, SP); Benedito A. Lemes (Mogi Mirim, SP).

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