São Paulo, quarta-feira, 17 de janeiro de 1996
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Empresário é mantido refém por 7 h

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Henrique Amaral, 51, ficou ontem sete horas como refém de assaltantes em um lavabo com cerca de três m2 em sua casa no condomínio Fazendinha, em Carapicuíba (Grande São Paulo). Os três homens foram presos.
Henrique chegou em casa ontem quase às 3h. Ele havia retornado do trabalho em seu Omega dirigido pelo motorista Alexandre Miranda Neto, 32. Ao entrar na garagem, desligou o celular, interrompendo a conversa com sua mulher, a jornalista Beatriz Duarte, que estava em Miami (EUA).
O empresário desceu do carro e foi para o jardim, onde voltou a falar com a mulher pelo celular. Nesse momento, foi abordado por três homens, um deles armado. Eles esperavam o empresário desde as 23h de anteontem.
"Disse para minha mulher que eu estava sendo assaltado e que ia desligar o telefone", afirmou o empresário, que é irmão e sócio de do empresário Ricardo Amaral, dono de restaurantes e boates no Rio e em São Paulo.
Henrique não desligou o celular. Sua mulher continuou ouvindo a conversa entre ele e os assaltantes. Ao perceber o roubo, seu motorista correu, trancou-se em uma suíte e saiu da casa por uma janela.
"Eles queriam dinheiro", afirmou o empresário. Dentro da casa, os assaltantes começaram a revistá-la em busca do cofre.
Beatriz decidiu ligar para o pianista João Carlos Martins, 55, vizinho do casal no condomínio, para avisá-lo do assalto.
O pianista avisou os seguranças do condomínio e a PM. Beatriz permaneceu ouvindo a conversa entre o marido e os ladrões por 45 minutos -até acabar a bateria do celular.
Quando os PMs chegaram, dois dos assaltantes levaram o empresário para o lavabo e trancaram a porta. Um outro assaltante tentou se esconder em um quarto.
Os policiais acharam Aldo de Jesus da Silva, 30, às 4h20. Ele estava desarmado. Silva havia trabalhado como pintor na casa de um vizinho de Henrique.
Pouco depois, o Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais da PM), foi chamado para negociar. Os ladrões pediram armas e carro para fugir. O pedido foi negado. Depois, exigiram que não fossem maltratados.
Durante a negociação, o pianista informava Beatriz de dez em dez minutos sobre o andamento das negociações. Uma policial do Gate conversava com os assaltantes.
"Eles contaram a vida deles e disseram por que estavam fazendo o roubo", afirmou o capitão Theseo Toledo, 35. Pouco depois, o delegado Maurício José Lemos Freire, 40, se passou por advogado e convenceu os assaltantes.
Por volta das 9h, chegaram de helicóptero Ricardo Amaral e o empresário José Victor Oliva, também seu sócio.
Ricardo estava voltando de Miami, quando foi avisado do roubo no aeroporto de Cumbica (Grande São Paulo).
"Os ladrões ouviram o barulho do helicóptero e ficaram muito nervosos"', disse Henrique. Um dos assaltantes ameaçou se matar caso a polícia invadisse o lavabo.
Nessa hora, além do Gate, também estava na casa o GER (Grupo Especial de Resgate da Polícia Civil). Às 10h15, os ladrões se entregaram. Um deles retirou as balas do revólver calibre 38 e entregou a arma ao empresário.
Em seguida, abriram a porta do lavabo. Foram presos Marcos Oliveira, 21, e Geraldo Lopes Monteiro, 30. Oliveira disse que já havia sido detido antes na Febem. Monteiro já havia cumprido pena por roubo.

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