São Paulo, quarta-feira, 17 de janeiro de 1996
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Grupo critica ajuda a vítimas de Kobe

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um ano depois do terremoto que devastou a cidade de Kobe, no Japão, uma organização ligada à ONU acusou o governo japonês de não proporcionar ajuda adequada aos atingidos pela catástrofe.
Segundo a organização Habitat Internacional, 90 mil pessoas estão vivendo em mais de 48 mil moradias provisórias na região de Kobe. O relatório do grupo, divulgado ontem em Genebra (Suíça), afirma também que 700 sobreviventes continuam vivendo em barracas e centros de triagem.
Algumas famílias não têm mais esperança de voltar a possuir casa própria, pois não puderam pagar aquela que perderam.
Fora do perímetro da cidade, os efeitos posteriores ao terremoto continuam, afetando a economia e deixando os japoneses mais inseguros em relação à capacidade de prever ou enfrentar o momento em que a terra se move.
Uma pesquisa feita pelo governo e divulgada no sábado mostrou que hoje, em comparação com outro levantamento realizado quatro anos atrás, 11% mais pessoas acham que podem ser pegas desprevenidas num terremoto.
Muita coisa já foi feita no processo de recuperação daqueles 20 segundos de destruição medindo 7,2 graus na escala Richter.
As linhas férreas já foram consertadas e todos os trens voltaram a funcionar normalmente. A maior parte dos destroços foi retirada. Novos edifícios foram construídos, e alguns simplesmente tiveram seus andares superiores, estraçalhados no terremoto, removidos.
Numa avaliação pouco condescendente dos trabalhos de recuperação, publicada domingo, o jornal "Asahi Evening News" afirmou que o governo central "provou ser inútil quando se trata de ajudar os pobres, os idosos, os estrangeiros em situação duvidosa no país e até mesmo muitos cidadãos de classe média".
Quando o terremoto ocorreu, às 5h46 do dia 17 de janeiro de 1995, 3.266 pessoas tiveram morte imediata e 1.397 morreram até seis horas depois. A contagem final foi de 6.336 mortos e 34.900 feridos.
Dois terços dos mortos morreram esmagados ou sufocados debaixo de destroços. Quase 250 pessoas morreram em incêndios de tubulações de gás estouradas.
Ao todo morreram no terremoto 173 estrangeiros, entre os quais 111 coreanos, 44 chineses e 8 brasileiros. Ainda há nove corpos não-identificados.
Autoridades estimaram as perdas em 9,9 trilhões de ienes ((US$ 94,2 bilhões), mas só 3,2 trilhões de ienes (US$ 30,8 bilhões) foram destinados à reconstrução.
Em seu último relatório sobre a economia, a Câmara de Comércio e Indústria de Kobe disse que até o início de novembro só um terço dos 170 ancoradouros do porto da cidade haviam sido recuperados, e que ainda faltava remover restos de mais de 10 mil residências.

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