São Paulo, quarta-feira, 17 de janeiro de 1996
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Coincidências coincidentes

Na avaliação de vestibulandos, tornou-se comum afirmar que, dentre outros quesitos, espera-se deles um posicionamento criativo frente aos temas propostos. O claro progresso representado pela mais frequente aplicação de questões dissertativas, em detrimento dos malfadados testes de múltipla escolha, mostrou a disposição das instâncias examinadoras para fazer a sua parte. Porém, a repetição de uma triste coincidência nos vestibulares da Unicamp de 96 parece indicar que o problema da criatividade tem dimensões maiores que as previstas.
A prova de redação propôs um tema que em 94 já havia sido apresentado a alunos de um cursinho de Campinas por um professor que também fez parte da banca examinadora. Diante das suspeitas de fraude, a instituição decidiu, por prudência, aplicar novo exame.
Surpreendentemente, o problema se repetiu. Sugerida uma dissertação sobre a informatização na sociedade, foram oferecidos dois textos para prévia reflexão -um deles, aliás, publicado no caderno Mais! da Folha- que também já haviam sido reproduzidos em apostilas de cursinhos da cidade em 95.
Longe de colocar em dúvida a idoneidade da comissão, a repetição do problema aponta antes para a dificuldade de os próprios professores se livrarem de um repertório limitado de referências bibliográficas. O cipoal de coincidências indica que alguns deles talvez não estejam ainda livres do mal que gostariam de combater.

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