São Paulo, quinta-feira, 18 de janeiro de 1996 |
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FHC prevê vitória governista em outubro
MARTA SALOMON
A previsão de vitória, afirmou FHC, tem uma condição. Os partidos aliados (PMDB, PFL, PSDB, PTB e PPB) devem abandonar as críticas e assumir a defesa entusiasmada do governo. "Isso dá voto", disse o presidente na primeira entrevista coletiva do ano, a menos de nove meses das eleições para as prefeituras. FHC foi mais cauteloso em relação à hipótese de disputar a reeleição, em 1998. Afirmou não estar disposto a entrar, no momento, na discussão da proposta de emenda constitucional que permite a reeleição, porque este não é um "tema próprio" para as circunstâncias. Mas reafirmou um prognóstico sobre seu sucessor: "Eu disse que quem eu apoiar ganha". O recente acordo para a reforma das aposentadorias pode ser usado nos palanques junto a outros resultados da administração, aconselhou o presidente. "Salvamos o futuro da Previdência", disse, defendendo o acerto com as centrais sindicais, bombardeado pelo PT e outros partidos de oposição. Apesar de avaliar que a oposição lhe dá "pouco trabalho", FHC não poupou críticas aos adversários do governo no Congresso. Disse que há "setores" de partidos que não querem fazer a reforma porque não conseguiram esquecer a última disputa eleitoral. "Estão perdendo o rumo", disse. O presidente estimulou que a nova fórmula para a aposentadoria acertada com as centrais sindicais (por tempo de contribuição) seja mantida na negociação com o Congresso. Classificou o acordo como "positivo"e justificou: "Não adianta fazer mais sem o apoio da sociedade". FHC anunciou que a reforma da Previdência em debate "não basta" e que enviará ao Congresso, em breve, um projeto para estimular os fundos de previdência complementar privada. Além de enumerar uma lista de feitos do governo em meio ao forte controle de gastos (destacou o programa de conservação de estradas e retomada de obras de hidrelétricas via concessão de serviços públicos), FHC prometeu novas medidas na área social. O presidente disse que, em fevereiro ou março, o governo vai anunciar um programa mais amplo na área social. Nesse capítulo, rebateu as críticas ao desempenho do governo. Reconheceu que há muitos problemas, mas que o governo iria enfrentá-los "sem demagogia, sem clientelismo, sem assistencialismo barato". Entre as ações do governo na área social, FHC destacou o programa de reforma agrária, e reagiu às pressões do movimento de agricultores sem-terra. "Não estamos fazendo a reforma do Movimento Sem-Terra." A ação dos líderes do movimento foi um dos mais demorados alvos de críticas da entrevista do presidente. "Nunca houve trégua, o tempo todo estão ocupando. Creio que começa a haver uma disputa política", avaliou. FHC citou a ocupação, na terça-feira, de três repartições do Ministério da Fazenda no país (foram quatro: em São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul) como exemplo da ação política. "Isso não vai bem", observou, manifestando o interesse de dialogar com os líderes do movimento. E, mais uma vez, voltou ao tema das eleições. "Será que não esqueceram a eleição até hoje?" Texto Anterior: Pefelista mudou de posição Próximo Texto: Crescimento poderá ser contido, diz tucano Índice |
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