São Paulo, quinta-feira, 18 de janeiro de 1996
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Depoimento de brigadeiro causa novo bate-boca

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) surpreendeu o plenário do Senado, ontem, ao fazer críticas ao passado político do presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), e do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Simon acusou os dois de terem apoiado os governos militares e o fechamento do Congresso pelo AI-5 (Ato Institucional nº 5), baixado em 1968 pelo então presidente Costa e Silva.
O senador gaúcho disse estranhar que Sarney tenha decidido propor ação judicial contra o brigadeiro Ivan Frota, que fez críticas ao Senado em entrevista ao jornal "Tribuna da Imprensa".
Ele disse que Sarney estava no Congresso quando foi aprovado o AI-5. E foi presidente da Arena, partido que apoiou os governos militares e o fechamento do Congresso. Estranhava que Sarney, agora, tenha se "transformado num defensor do Congresso".
Simon estendeu a ironia a ACM, que, por causa das críticas feitas por Frota ao Senado, cancelou depoimento que o brigadeiro faria à supercomissão encarregada de investigar o projeto Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).
Sarney estava ausente do plenário e, ao tomar conhecimento do discurso de Simon, pediu as notas taquigráficas e foi ao plenário responder ao colega.
ACM, por sua vez, chamou o gaúcho de "maluco" e disse que "ele só fala besteira". O senador baiano disse que vai fazer discurso respondendo a Simon em outro dia. "Quero embate com a Casa cheia", disse. Ao responder a Simon, Sarney negou ter apoiado o AI-5 e disse que, na época, era governador do Maranhão e não parlamentar.
"Naquele momento, tive a disposição -não digo a coragem- de passar um telegrama ao presidente da República não concordando com o AI-5. Como homem público, achei que era do meu dever", disse Sarney.
"Ao contrário de ter votado o AI-5, fui eu, nesta Casa, o relator da emenda constitucional que acabou com o AI-5", disse.
Sarney também foi irônico. Afirmou que, se esta era a opinião de Simon sobre ele, o senador não deveria ter aceitado ser ministro da Agricultura do seu governo. Ele considerou o pronunciamento de Simon uma "agressão".

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