São Paulo, quinta-feira, 18 de janeiro de 1996 |
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Israel entra em alerta máximo
CLÓVIS ROSSI
Eram oficiais do Tzahal, o Exército de Israel, mortos em uma emboscada na noite de anteontem na estrada que vai de Jerusalém a Hebron (35 km ao sul). Havia mais do que simbolismo no ar, durante o ato fúnebre. Havia a convicção das autoridades de que o ataque foi o começo de "uma nova onda de terrorismo, que continuará após a eleição". Por isso mesmo, as forças de segurança entraram em estado de alerta máximo, que durará pelo menos até sábado, quando pouco mais de 1 milhão de palestinos irão às urnas para a primeira eleição de sua milenar história. O temor quanto a uma nova onda de violência é de parte a parte. O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, telefonou ontem para Shimon Peres, o premiê israelense, pedindo-lhe que controle os extremistas judeus que ameaçam fazer manifestações no sábado. Peres, como é óbvio, deu-lhe garantias, mas está pedindo o mesmo empenho de Arafat. Ele acusa as "gangues" do Hamas (Movimento de Resistência Islâmico) e da Jihad (Guerra Santa) Islâmica pela morte dos soldados. Enquanto os líderes tentam pôr água na fervura, há quem prefira jogar gasolina no latente fogo de um ressentimento acumulado. Nabil Chaath e Ghassan Khatib, ambos ministros da ANP e candidatos, publicaram anúncio no jornal palestino "An-Nahar" em que suas nomes aparecem sob um desenho de dois fuzis Kalachnikov cruzados e uma granada, tudo impresso sobre mapa ampliado da Palestina -sem Israel. "Os árabes jogam assim. Uma mão faz a paz e recebe Jerusalém numa bandeja de prata. A outra esconde as armas e mata pessoas". O Likud, o bloco conservador de oposição, atacou na mesma direção: em nota oficial, disse que o atentado foi a resposta à aprovação, no mesmo dia, pelo Parlamento israelense, do esquema que permite a cerca de 5.000 palestinos votarem em Jerusalém Oriental. Os palestinos reivindicam a cidade ou, ao menos, a sua parte leste, habitada pelos árabes, como sua capital. Moshe Yaalon, major-brigadeiro da inteligência israelense, em depoimento ao Parlamento, na terça, disse temer que a ANP esteja preservando a infra-estrutura do terrorismo para usar como carta nas discussões sobre o status final de Jerusalém e das colônias judaicas em Gaza e na Cisjordânia. Verdade ou não, o fato é que, em setembro, a ANP reuniu-se com extremistas no Cairo e fechou um acordo para que não houvesse atentados no período eleitoral. Texto Anterior: China vê espionagem e expulsa japonês; Anunciadas sentenças por terror em NY; Quarto candidato se lança a premiê grego; Iraque aceita reunião sobre petróleo; Corrupção derruba ministros da Índia; Walesa pede reunião sobre espionagem; Papa deve visitar Israel até 1997 Próximo Texto: Maioria de Arafat no conselho deve ser pequena Índice |
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