São Paulo, quinta-feira, 18 de janeiro de 1996 |
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O lobby do Senado
FERNANDO RODRIGUES BRASÍLIA - O Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) é um assunto chato. Distante da maioria dos leitores. Mas custará US$ 1,4 bilhão para o país, está sob suspeita de irregularidades e, sabe-se agora, prestes a receber sinal verde do TCU (Tribunal de Contas da União).Senadores a favor do governo procuraram diretamente o relator do caso Sivam no TCU, o ministro Ademar Ghisi. Fizeram aquilo que muitos especialistas em direito condenariam: aconselharam Ghisi a fazer um relatório simples, rápido. Nas entrelinhas, pediram a aprovação do projeto. O TCU foi instado a se pronunciar sobre o assunto por causa de um requerimento do senador petista Eduardo Suplicy (SP). Para fazer um serviço completo, levaria tempo. Suplicy, que é contra o Sivam da forma como está, pediu uma investigação meticulosa. Mas, o governo tem pressa. Os senadores governistas foram a Ghisi diplomaticamente. Usaram frases indiretas. Não pressionaram. Sugeriram não fazer, já, uma análise completa do projeto, que é muito complexo. "Apresente algo preliminar", recomendaram. O TCU é um órgão cujos ministros têm mandatos vitalícios. São indicados, entre outros, pelos próprios parlamentares. É um órgão que assessora o Poder Legislativo. Depende do Congresso. Ademar Ghisi tem poder, evidentemente, para gastar o tempo que quiser analisando o Sivam. Mas sinalizou ontem que vai cumprir o prazo que o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) deseja para decidir sobre o assunto: dia 31 deste mês. A situação é curiosa. O TCU é pago para auditar as contas da União. O governo federal, que manda na União, tem interesse em apressar a votação do Sivam. Há suspeitas de irregularidades. Só que o TCU aceita restringir o escopo de sua investigação sobre o assunto. Ontem, em sua entrevista, o presidente Fernando Henrique Cardoso recomendou humildade aos adversários do Sivam. Pediu que falassem apenas de assuntos de que tivessem conhecimento. Os aliados de FHC deveriam levar ao pé da letra o que disse o presidente: o TCU, que supostamente entende de irregularidades, deveria ter todo o tempo do mundo para identificar se há -ou não- algo de errado com o Sivam. Texto Anterior: Salve-se quem puder Próximo Texto: O iminente não acontece Índice |
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