São Paulo, quinta-feira, 18 de janeiro de 1996
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Perón só não foi mais popular que Evita

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

Figura dominante da política argentina por quatro décadas, o coronel Juan Domingo Perón só não foi mais popular em seu país do que sua segunda mulher, Eva Duarte de Perón, a Evita, que o ajudou na conquista do poder.
Nascido em 1895, Perón governou a República Argentina nos períodos 1946-55 e 1973-74.
Já Evita (1919-1952) nunca chegou a ter formalmente um cargo no governo, mas foi "ministra de fato" da Saúde e do Trabalho.
Origens do peronismo
Descendente de espanhóis, italianos e franceses, Perón entrou na escola militar aos 16 anos.
Nos anos 30 serviu como adido militar na Itália, onde observou manifestações fascistas e nazistas.
Como coronel e subsecretário da Guerra, participou em 1943 de um movimento que derrubou o então presidente Ramón Castillo.
Nessa época Perón já tinha o apoio de Evita, atriz de rádio que se converteu em liderança popular.
Em 1945 Perón foi nomeado ministro da Guerra, chegou a vice-presidente e casou-se com Evita, figura carismática que argentinos veneraram como santa.
Perón se elegeu presidente em 1946, depois de uma campanha marcada pela repressão da oposição liberal, e foi reeleito em 1951.
Evita era uma intermediária hábil entre sindicatos e governo e a Argentina deu início a um processo de industrialização com o Estado no controle do comércio exterior, das ferrovias, navegação aérea, portos e telecomunicações.
Além de intervir na economia e de ser paternalista, o Estado sob Perón adotaria posições hostis ao Reino Unido e aos EUA.
Seu discurso falava de uma terceira posição -"entre comunismo e capitalismo"- e o governo adotou um discurso baseado numa doutrina difusa, o justicialismo.
Queda e ascensão
Mas, se no início Perón se beneficiou com o aumento das exportações argentinas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o fim de seu segundo mandato seria marcado por revoltas, inflação, acusações de corrupção e repressão.
Evita, chamada de "chefe espiritual da nação", morreu de câncer em 1952 e não havia mais como evitar o descontentamento popular, que acabou por derrubar o caudilho, em 1955.
Exilado na Espanha, Perón casou-se em 1961 com a ex-dançarina argentina Maria Estela Martínez, chamada de Isabelita.
Em 1973, em meio a uma crise institucional, Perón retornou à Argentina.
Em 13 de julho, o presidente Héctor Cámpora renunciou para permitir que Perón, depois eleito tendo Isabelita como vice-presidente, ascendesse ao poder.
Ao morrer, em julho de 1974, Perón foi substituído pela mulher, que governou até 1976, quando foi deposta por um golpe militar e presa até 1981, quando exilou-se na Espanha.
O atual presidente, Carlos Menem, é do partido Justicialista.

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