São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 1996
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Os argentinos

WILSON BALDINI JR.

O Corinthians contrata, para o time de futebol, "Bambino Veira", em meados da década de 70, e o ala-pivô Camissasa, para o basquete, no início dos anos 80.
Com a aposentadoria de Éder Jofre, o peso-médio Carlos Monzón reina tranquilo no pugilismo sul-americano. E, para completar, Maradona é comparado à Pelé.
É demais para quem aprendeu que a rivalidade Brasil x Argentina deve se estender até em um campeonato de "cuspe à distância".
É incrível como um país com a décima parte da nossa população possa ser tão bom e, muitas vezes, melhor do que nós em vários esportes.
O amigo Milton Leite apresenta explicação: "Os argentinos possuem cultura esportiva". E podemos ir além. Nossos "queridos vizinhos" possuem raça, malícia, patriotismo e todos os quesitos que os tornam uma nação vencedora.
A produção e exportação de carne, nos anos 40 e 50, também foi de grande importância. O contato com o "Primeiro Mundo" ajudou nossos "rivais" a serem os sul-americanos mais "europeizados".
Dessa forma, muitas coisas podemos aprender com eles. Espírito de grupo é uma delas. Um dos motivos para o seu sucesso nos esportes coletivos. Para os portenhos, quantidade nunca será qualidade. Com um número irrisório de praticantes, eles conseguem resultados semelhantes. Exemplo maior é o tão badalado futebol.
Mas a maior mágoa é o boxe. Desde abril de 33, quando a Federação Carioca levou nossos primeiros heróis para um Sul-Americano em Buenos Aires, nós nos tornamos os maiores "sparrings".
Nossa maravilhosa, mas única, medalha olímpica, de Servílio de Oliveira, bronze no México em 68, é pulverizada por três de ouro dos argentinos Rodrigues Jurado (24), Alberto Lowell (28) e Rafael Iglesias (48). E isso se só contarmos a categoria dos pesados.
Já no profissionalismo, a situação é ainda pior. Eles precisaram apenas dos últimos 30 dias para igualar o que fizemos nos nossos 80 anos de pugilismo.
Julio César Vásquez, em 16 de dezembro, e Juan Martín Coggi, na semana passada, ganharam títulos mundiais. E como Maradona e seu gol com a mão na Copa de 86, Coggi até usou de subterfúgios para ficar com o ídolo.
Não importa. Ele volta a compor o seleto grupo de campeões, ao lado de Horacio Accavallo, Victor Galindez, Santos Laciar, Nicolino Loche, Carlos Monzón, Sergio Palma, Pascual Pérez...

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