São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 1996
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Israel restringe movimentação em área palestina

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

O governo israelense proibiu ontem que seus cidadãos circulem por áreas de predominância palestina pelo menos até as eleições de amanhã.
É o mais claro sinal de que, se Jerusalém é um ponto especialmente crítico, toda a eleição chega carregada de tensões, aguçadas depois que dois militares israelenses foram mortos em uma emboscada na terça-feira.
Os editoriais da mídia israelense são reflexo puro dessa tensão. Para o popular "Yediot Ahronot", o mais vendido jornal do país, "nos encontramos em meio a uma renovada intifada, que se faz com balas, não pedras".
A intifada foi a revolta dos palestinos dos territórios ocupados por Israel, entre 1987 e 1993, na qual morreram 1.026 palestinos e 179 israelenses.
Já o independente "Davar Rishom" preferiu achar que "a capacidade do terrorismo palestino de alcançar Israel parece ter passado e, agora, parece concentrada nos territórios, (...) o que demanda uma presença israelense fortalecida, consequência indesejável para Arafat no momento eleitoral".
É mesmo indesejável, ainda mais em Hebron (35 km ao sul de Jerusalém), o segundo ponto mais quente da eleição.
Nesta cidade, tão velha que a lenda diz que é nela que estão enterrados Adão e Eva, um grupo de apenas 415 colonos judeus ocupa parte da área central, cercado por 24 mil palestinos, de um total de 120 mil que vivem em Hebron.
Consequência: o Exército israelense manteve a cidade sob ocupação mesmo para a eleição, o que acendeu as iras dos palestinos.
Em Hebron, os inimigos da votação não são apenas os colonos, mas os grupos extremistas palestinos, contrários ao processo de paz.
A Frente Democrática, um deles, está anunciando manifestações para sábado, o que levou a ANP a fazer uma dura advertência para que se abstenham de tentar sabotar o pleito.
(CR)

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