São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 1996
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Princípios, quando convém

A polêmica sobre a manutenção do acordo entre governo e centrais sindicais na reforma da Previdência mostra uma face de maturidade da CUT e uma contradição do PT.
Ainda que restem divergências, o resultado das negociações foi um inquestionável avanço para firmar um equilíbrio entre os interesses envolvidos. Concretamente, o fato de o governo e as centrais aprofundarem posições sobre um tema complexo, cederem das propostas originais e projetarem uma solução mais satisfatória a todos é, para dizer o menos, um grande exemplo.
A negociação mostrou seus méritos e pode ser o caminho mais curto, talvez o melhor, para tratar de outros temas intrincados que o país ainda terá de enfrentar.
Assim, a resistência do PT expõe uma enorme falta de percepção das possibilidades que o acordo abre para o país. O partido diz defender que a sociedade civil organizada possa defender diretamente seus interesses junto ao Estado e que o governo deve mostrar-se aberto.
Na negociação da Previdência, a voz de Vicentinho em nome da CUT não representou outra coisa que a defesa da melhor saída para que fossem preservados os interesses dos trabalhadores filiados à central. A crítica do PT ao acordo nega o princípio da participação autônoma da sociedade civil.
Ao pressionarem Vicentinho para que recue, o PT, PDT e PC do B negam na prática a legitimidade da CUT para negociar em nome dos trabalhadores e se recusam a admitir que a sociedade possa interferir em nome de seus interesses também fora do Parlamento.

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