São Paulo, sábado, 20 de janeiro de 1996
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Cade vai analisar acordo entre Alcoa e Alcan

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A subsidiária brasileira da Alcoa, indústria norte-americana de alumínio e derivados, quer controlar cerca de 58% da produção nacional de perfis de alumínio -mercado que fatura anualmente cerca de US$ 600 milhões.
Os perfis de alumínio são usados principalmente na construção civil (esquadrias de janela, box de banheiro, etc.) e na indústria de veículos pesados.
A Alcoa pretende aumentar sua participação nesse mercado -hoje, ela detém cerca de 25%- comprando quatro unidades da canadense Alcan.
Segundo a Folha apurou, a transação -que inclui ainda revendas e escritórios- sairia por US$ 43 milhões. Porém as duas empresas não confirmam o valor.
A Alcan e a Alcoa assinaram esta semana um acordo de princípios, pelo qual a Alcoa tem até março para avaliar os bens envolvidos e fechar o negócio.
As quatro unidades que a Alcoa pretende comprar têm capacidade de produção de 33 mil toneladas anuais de perfis de alumínio.
Caso o negócio seja fechado, a Alcoa passará a ter um total de oito unidades produtivas, que juntas terão capacidade de produzir 58 mil toneladas/ano. A produção anual do país é estimada em 100 mil toneladas.
Marcos Marçal, gerente de relações externas da Alcan, diz que a venda das fábricas faz parte da estratégia traçada pela matriz de concentrar esforços nos segmentos de produção de alumínio primário e de laminados.
A Alcan do Brasil faturou no ano passado US$ 555 milhões -31% mais do que em 94- e fechou 1995 com um lucro líquido de US$ 18 milhões.
Já o faturamento da Alcoa -a maior empresa do setor de metalurgia em atividade no país- foi de US$ 1,1 bilhão, em 95, com lucro de US$ 196,8 milhões.
Cade
O negócio entre a Alcoa e a Alcan precisará necessariamente passar pela aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão encarregado de fiscalizar e punir eventuais abusos de poder econômico.
No caso, a Alcoa tem 15 dias para informar o Cade, prazo que passa a valer a partir do dia em que o negócio é fechado.
No entanto, a transação deve sair sem que o Cade tenha dado resposta, o que a lei permite.
A presidente interina do órgão, Neide Malad, é a primeira a criticar a lentidão com que as decisões são tomadas no Cade.
"A transação entre a Alcoa e a Alcan só deverá ser analisada no ano que vem. Isso porque a estrutura que temos não permite velocidade maior", diz Neide Malad.
Segundo ela, o Brasil é o único país do mundo que permite um negócio que necessite de investigação ser fechado para depois ser analisado.
Neide Malad diz que o percentual de 58% da produção, que a Alcoa passará a deter com o negócio, "não é o determinante".
"É preciso levar em conta outros fatores, como por exemplo a situação mundial do mercado em questão e fatores internos", diz.
Para o diretor-executivo da Alcoa, Adjarma Azevedo, "quem vai decidir" se o negócio vai valer ou não é o Cade. "Mas confiamos que a transação é boa para o país", afirma Azevedo.

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