São Paulo, sábado, 20 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FHC diz que juro depende dos bancos

Presidente pede mais produtividade

SILVANA DE FREITAS
ENVIADA ESPECIAL A PETRÓPOLIS

O presidente Fernando Henrique Cardoso cobrou dos bancos que façam um "esforço de produtividade" e disse ontem que a queda nas taxas de juros depende dessas instituições.
"As taxas de juros já começaram a cair. Cairão, espero. E para cair é preciso não só que o governo faça o que está começando a fazer, mas que os bancos também acompanhem a queda", afirmou FHC.
O apelo do presidente Fernando Henrique Cardoso foi feito um dia depois de o Banco Central realizar um leilão de títulos públicos que forçou o aumento das taxas de juros.
Às 17h da última quinta-feira, o BC vendeu títulos com resgate marcado para o próximo dia 31 de janeiro aceitando juros de 3,58%. As taxas das aplicações em overnight para esse mês estavam em 3,4%.
Com esse leilão do BC, essas mesmas taxas fecharam ontem, em média, no patamar de 3,57%.
FHC também defendeu mais solidez nos financiamentos de longo prazo e fez uma avaliação positiva sobre o desempenho da economia nesse ano. Previu aumento da taxa de poupança e do PIB (Produto Interno Bruto).
"É preciso que haja um esforço de produtividade aí e que se pense também na diferenciação das taxas de financiamento de tal maneira que o financiamento de longo prazo, que sustenta o crescimento da indústria, seja mais sólido."
O presidente deu essas declarações a empresários fluminenses, durante visita a Petrópolis (a 66 quilômetros da cidade do Rio de Janeiro).
Ele participou da entrega do milésimo certificado de qualidade ISO-9000 e de prêmio a dez empresas concedido pela Fundação Getúlio Vargas e Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro).
O milésimo certificado ISO-9000 foi entregue simbolicamente à empresa Siemens, que foi a primeira a receber o título no Brasil. O nome da milésima empresa que teve o reconhecimento de padrão internacional de qualidade não foi divulgado. Depois da entrega, FHC almoçou com a diretoria da Firjan.
Mais cobranças
FHC também cobrou dos empresários que façam investimentos sociais. Ele disse ser fundamental em uma sociedade moderna "não pensar que, no isolamento dos muros das fábricas, seja possível resolver todas as questões, enquanto nas ruas as questões estão em situação de quase calamidade".
O presidente referiu-se ao acordo do governo com as centrais sindicais sobre a reforma da Previdência -feito à margem dos partidos políticos- como exemplo de "uma nova mentalidade" e disse que esse acordo comprovou haver "espírito de negociação no governo, sindicatos e Congresso".
Ele reafirmou que a reforma da Previdência (mudança no sistema de aposentadorias) vai permitir a criação de fundos de capitalização mais estáveis. Segundo ele, essa será "a única maneira de termos fundos mais estáveis e de longo prazo para financiar o crescimento da economia brasileira".

Texto Anterior: Fusão custa US$ 5,6 bilhões ao país
Próximo Texto: Para inglês ver; Lados do muro; Cobrança difícil; Leite derramado; Procurador bastante; Batendo o martelo; Negócio promissor; Cadeia regional; Novos tempos; Outra liga; Fio condutor; Ligação oportuna; Primeiro aluguel; Capitais franceses; Braço comercial; Comércio exterior; Apetite global
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.