São Paulo, domingo, 21 de janeiro de 1996 |
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Vicentinho sugere criatividade às esquerdas
CRISTIANE PERINI LUCCHESI; REINALDO AZEVEDO
O presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, sugere "criatividade" aos partidos de esquerda agora que, depois do acordo da Previdência, eles não têm mais como unir a sociedade em defesa da aposentadoria por tempo de serviço. Vicentinho sugere que a oposição passe a lutar por emprego e pelo aumento do salário mínimo. Ele recusa a pecha de personalista que lhe atribuem setores da CUT: "Não se pode confundir criatividade com personalismo." O presidente da CUT admite ter atitudes de marketing: "Raspei a cabeça para chamar atenção do trabalho escravo. Fiz greve de fome para chamar atenção para a questão do desemprego. É meu jeito de ser. São formas de usar minha personalidade para o bem comum". Vicentinho afirma que aprendeu muito desse "marketing" junto aos seus "companheiros de fábrica", a Mercedes-Benz. "Uma vez, os companheiros me disseram que eu precisava ser mais arrumadinho, que eu estava muito desmantelado. Por isso, eu fui com paletó para Brasília." E pergunta: "Esse tipo de coisa quem é que vai dizer na CUT?". Para o presidente da maior central do país, que já se caracterizou por uma retórica socialista, o trabalhador busca hoje melhorar sua vida: "Ele não diz se é no capitalismo ou no socialismo, quer viver bem." O sindicalista hoje pouco ortodoxo, no entanto, ainda lustra antigas convicções, com um olho num assumido pragmatismo: "Sou um pensador e dirigente sindical que quer uma sociedade socialista, democrática. Isso não significa ficar esperando a luta armada para conquistar uma nova sociedade". Leia nesta página os principais trechos da entrevista concedida à Folha na sexta-feira, no último andar da sede da CUT, um prédio de sete andares, no Brás, centro de São Paulo, que já pertenceu à família Matarazzo. Texto Anterior: Dados somem na burocracia Próximo Texto: Presidente da CUT desagrada Lula Índice |
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