São Paulo, domingo, 21 de janeiro de 1996
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Comércio entre Brasil e China cresce 40%

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Em 2020, as maiores economias do mundo serão, pela ordem, China, EUA, Japão, Índia, Indonésia, Alemanha, Coréia do Sul e Tailândia.
Entre janeiro e setembro do ano passado, o volume do comércio Brasil-China cresceu 40%, se comparado a igual período de 94.
A primeira previsão, fruto de estudo do Banco Mundial, foi citada na edição deste mês da revista "Asian Business", de Hong Kong.
Já a constatação do aumento do comércio sino-brasileiro reflete expansão das duas economias e suas opções por aquecerem exportações e importações.
Em 1994, as vendas de produtos do Brasil ao mercado chinês foram de US$ 822,41 milhões, de acordo com cálculos brasileiros. Já as exportações chinesas somaram US$ 362,4 milhões.
Os resultados são modestos para a China, décima-primeira potência comercial do planeta. Os negócios com o Brasil representaram em 1994 apenas 0,6% do seu comércio exterior e, acredita o governo em Pequim, há espaço para ampliar o intercâmbio.
Em 1994, óleo de soja bruto respondeu por 50% das compras feitas pelos chineses no Brasil. A lista se complementou com minério de ferro e derivados, além de barras de ferro e aço.
No outro lado do fluxo, a China exportou para o Brasil têxteis, maquinaria leve, além de brinquedos e roupas.
A emergência, ainda lenta, de um importante mercado consumidor no país mais populoso do mundo (1,2 bilhão de habitantes) começa a atrair empresas brasileiras. No ano passado, a Embraco estabeleceu uma joint venture (empresa mista) com a Snowflake chinesa para produzir compressores para refrigeração.
Em outubro de 1994, a Telebrás associou-se a uma companhia chinesa na província de Shanxi (nordeste) para implantar um sistema de telefone público com cartão. Na área de alimentação, a Antarctica produz guaraná, a Parmalat do Brasil, numa joint venture, processa e vende leite pasteurizado, enquanto a Sadia, numa associação com o Ministério da Agricultura, abriu uma churrascaria em Pequim.
Empresas brasileiras de construção também buscam abocanhar uma parte do mercado chinês. Um consórcio da Mendes Júnior, Andrade Gutierrez e CBPO sonha com uma fatia significativa na construção da hidrelétrica de Três Gargantas, que será a maior do mundo, mas até agora obteve resultados pouco animadores.
A Mendes Júnior, no entanto, já participa da construção do complexo hidrelétrico Tianshengiao, sul da China, num contrato de US$ 300 milhões. Foi o primeiro contrato de uma empresa brasileira de construção na China.
Estima-se que a China deva investir, entre 1994 e 2000, US$ 230 bilhões em infra-estrutura para permitir que o país continue colecionando taxas aceleradas de crescimento econômico.
Em 1994, o crescimento foi de 11,8%, e no ano passado, 10,2%, redução perseguida pelo governo a fim de conseguir um "crescimento estável".
A China representa o local mais promissor para investimentos diretos nos próximos dez anos, conclui pesquisa publicada mês passado pelo "The Asian Wall Street Journal". Universo de entrevistados: companhias japonesas, famosas por sua cautela e precaução.
Portanto, o endosso de se ter a China como nova Meca do capitalismo vem dos cautelosos japoneses. Trata-se de um conselho de peso para empresas brasileiras.

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