São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
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Filha de FHC serve à defesa do nepotismo

DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A manutenção de Luciana Cardoso -filha do presidente Fernando Henrique Cardoso- no cargo de assessora no Palácio do Planalto está sendo usada como justificativa para supostos casos de nepotismo no Rio Grande do Sul.
O desembargador Salvador Vizzotto, do Tribunal de Justiça do Estado, citou o caso de Luciana ao deferir liminar que impediu a demissão de 60 funcionários do Judiciário e do Legislativo, todos parentes de juízes ou deputados.
Uma emenda à Constituição estadual, aprovada em dezembro pela Assembléia, proibiu o nepotismo no poder público e estabeleceu um prazo de 30 dias, já vencido, para a demissão dos parentes (não-concursados) em cargos de chefia ou assessoramento.
Os atingidos recorreram e, com a concessão da liminar, conseguiram manter seus empregos até o julgamento definitivo da questão, que não tem data para ocorrer.
Em seu despacho, o desembargador Vizzotto afirmou que "certa entidade sindical" (o Sindicato dos Servidores Públicos Federais) tentou impedir a nomeação de Luciana Cardoso para cargo no Palácio do Planalto alegando suposto nepotismo, sofrendo derrota "em instância superior" (o Tribunal Regional Federal).
O desembargador citou ainda o artigo 5º da Constituição federal ("todos são iguais perante a lei").
Há pelo menos 42 parentes de juízes gaúchos ameaçados de demissão. Por causa disso, a Assembléia já pediu que o Tribunal de Justiça se declare impedido de julgar o caso e o transfira para o STF (Supremo Tribunal Federal). O pedido ainda não foi julgado.
A proibição do nepotismo foi sugerida à Assembléia pelo próprio Tribunal de Justiça, no ano passado, numa tentativa de melhorar a imagem do Judiciário.
A proposta foi feita logo depois da publicação de denúncias de que juízes estariam empregando funcionários com base no critério dos laços sanguíneos.
O Palácio do Planalto afirma que o caso de Luciana Cardoso não pode ser considerado nepotismo porque ela não teria subordinação direta ao pai e que foi contratada pelo secretário-geral da Presidência, Eduardo Jorge.

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