São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
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Cidade campeã de analfabetismo perde escolas

MARCOS MEIRELLES
DA FOLHA VALE

A reforma de ensino do governo estadual promete fechar todas as 15 escolas rurais de São José do Barreiro (260 km de SP) -município campeão de analfabetismo no Estado, segundo levantamento do Unicef (Fundo das Nações Unidas para Infância).
Outras cidades da região que estão entre as recordistas de analfabetismo -como Natividade da Serra e Lagoinha- terão pelo menos 50 escolas rurais fechadas.
Em Natividade da Serra (188 km de SP), apenas 12 das 35 escolas rurais do Estado vão funcionar em 96.
O município tem o maior índice de analfabetismo entre adultos na região -34,8% dos moradores com mais de 15 anos.
Em Lagoinha (225 km de SP), 230 alunos da zona rural serão transferidos para escolas na sede do município, mas eles ainda não têm transporte assegurado.
A extinção dos cursos está relacionada com as diretrizes impostas pela Secretaria Estadual da Educação para a reforma de ensino.
A resolução que criou a reforma do Estado só permite a atribuição de professores para as escolas rurais com, no mínimo, 30 alunos.
No jargão da Secretaria da Educação, as escolas rurais não serão fechadas. O que estaria ocorrendo seria um reagrupamento de alunos.
Em São José do Barreiro, as 15 escolas rurais têm, em média, 15 alunos. Algumas delas ficam a até 100 km da sede do município e não têm estradas de acesso.
O prefeito de São José do Barreiro, Nelson Ribeiro Mendes (PPB), disse que foi comunicado sobre o fechamento das escolas na última quinta-feira.
Ele disse que a alternativa apresentada pela Delegacia de Ensino de Cruzeiro (210 km de SP) foi a municipalização das escolas rurais.
Mendes estima que a prefeitura teria gastos de R$ 80 mil anuais com a municipalização do ensino.
A coordenadora de ensino do interior da Secretaria da Educação, Raquel Volpato, informou ontem que vai aguardar a conclusão dos remanejamentos nas escolas rurais para falar sobre o assunto.
Raquel disse, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que só poderá avaliar os efeitos da reforma na próxima semana.
A coordenadoria de ensino estaria aguardando o fornecimento de dados sobre a situação na zona rural por parte das delegacias de ensino. Segundo a assessoria, a reforma de ensino não implica fechamento das escolas, mas, sim, em sua reorganização.

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